As últimas horas ficaram marcadas pelas suspeitas levantadas acerca de um engenheiro da Google, chamado Linwei Ding. Em causa, estariam alegados roubos de segredos comerciais sobre o chip de Inteligência Artificial (IA) da Google. Como refere o The Verge, Ding terá sido preso esta quarta-feira, 6 de março, na Califórnia.
Mas afinal, porque é que Ding roubava informações? De acordo com a vice-procuradora-geral, Lisa Monaco, e tal como cita a mesma fonte de informação, o engenheiro “roubou do Google mais de 500 arquivos confidenciais contendo segredos comerciais de IA enquanto trabalhava secretamente para empresas sediadas na China que buscavam uma vantagem na corrida pela tecnologia de IA”.
Ding roubava chips capazes de alimentar plataformas de IA como o Gemini
Na base das ilegalidades que Ding, alegadamente, terá cometido, estaria a obtenção de chips da unidade de processamento tensor (TPU) da Google. Estes, no fundo, servem de combustível para as cargas de trabalho de IA, sendo que, juntamente com os GPUs Nvidia, têm a capacidade de desenvolver modelos como o Gemini, plataforma de IA da Google.
Em relação à lista de arquivos roubados, há fortes suspeitas que Ding ter-se-á apropriado de projetos de software para os chips TPU v4 e v6, assim como especificações de hardware e software para GPUs, que são usadas nas bases de dados da Google.
Ding terá transferido os dados entre maio de 2022 e maio de 2023
Recorde-se que a preocupação acerca de empresas chinesas que obtêm dados de forma ilícita já não é propriamente recente. Tal como refere o The Verge, já havia sido emitido um alerta, no final do ano de 2023, acerca de empresas da China que poderiam estar a roubar propriedade intelectual relacionada com Inteligência Artificial, computação quântica e robótica.
Ao que tudo indica, a transferência ilícita dos arquivos por parte de Ding terá acontecido entre os meses de maio de 2022 e maio de 2023, tal como acusa o governo americano.
O método de operação de Ding baseou-se em copiar os dados dos arquivos originais para o Apple Notes num computador MacBook fornecido pela Google. Depois disso, tê-los-á convertido do Apple Notes em PDFs, com o intuito de evitar que os sistemas de prevenção de perda de dados da Google conseguissem detetar as movimentações (via The Verge).
Depois de Ding roubar as informações, foi-lhe oferecido um cargo de CTO em empresa chinesa
Outra informação dada pelo governo americano é que, pouco depois de Ding ter começado a roubar arquivos, uma empresa da China ter-lhe-á oferecido o cargo de CTO. Na altura, Ding aceitou a proposta, isto enquanto trabalhava para a Google.
Recorde-se que o engenheiro alvo de acusações abandonou a Google, no mês de dezembro de 2023. Alegadamente, por essa altura, Ding terá, inclusive, fingido estar no escritório da Google nos Estados Unidos, com a ajuda de um funcionário que fazia scan do seu crachá. Enquanto isso acontecia, Ding estava bem longe, na China.
À luz do que refere a mesma fonte de informação, Linwei Ding pode apanhar até cerca de 10 anos de prisão. O próprio foi alvo de quatro acusações de roubo de segredos comerciais. Cada uma, pode ser equivalente a 250 mil dólares de multa. Feitas as contas, o prejuízo podia chegar até 1 milhão de dólares.