Um estudante italiano de ensino secundário, de 17 anos, criou um projeto e tanto: ele construiu um reator de fusão nuclear. A excelente execução do projeto rendeu ao estudante não apenas as melhores notas, como também um estágio antes da universidade e da oportunidade de apresentar o seu trabalho no Festival de Ciências de Cambridge.
O projeto do estudante
Para termos uma noção de como o jovem Cesare Mencarini pensou em grande quando escolheu o seu projeto de conclusão do Ensino Secundário um reator de fusão nuclear é uma instalação que busca reproduzir as reações de fusão que ocorrem no interior das estrelas, como o Sol, para gerar energia.
Após ver um vídeo no YouTube, Mencarini decidiu aprender habilidades elétricas e de codificação para construir o reator, para o qual precisaria criar plasma quente o suficiente para gerar neutrons. Mas havia muitos desafios pela frente, conforme reportou a página IFL Science.
Além das limitações de design, Mencarini tinha um orçamento de pouco mais de US$ 6.500 (~5810€) disponibilizado pela Cardiff Sixth Form College's Cambridge. Algumas partes dos reatores, o jovem conseguiu que fossem feitas sob medida. Já a codificação e os controles foram hospedados num sistema Raspberry Pi.
"Tive que adaptar o design para caber no orçamento e meu objetivo é encorajar outros jovens a desenvolver ideias e pensar sobre como podemos melhorar nosso mundo e ser inovadores. O propósito do reator é produzir as condições necessárias para que a fusão aconteça. No entanto, como não podemos obter a mesma pressão alcançada pela gravidade do próprio Sol aqui, temos que usar uma alta voltagem para aquecer os átomos o suficiente", disse Mencarini numa declaração.
Mencarini conseguiu criar o plasma, mas não chegou a atingir a fusão, como seria esperado. Considerando-se que realmente atingir a fusão numa reação em larga escala financiada nacionalmente passa por muitos desafios, chegar tão longe quanto ele chegou é extremamente impressionante para um estudante do Ensino Secundário. Não à toa, o seu trabalho não passou despercebido.
Mas não foi perigoso?
O trabalho de Mencarini impressionou o Dr. Yannick Verbelen, um associado sénior da Universidade de Bristol. Verbelen ofereceu um estágio para o jovem no próximo ano, antes de ele seguir para os seus estudos no Ensino Superior. Mencarini planeia formar-se em engenharia e pretende inscrever-se na universidade durante o seu ano de trabalho em Bristol.
Quando questionado sobre os possíveis riscos que o seu trabalho representou, por tratar-se de um reator nuclear, o estudante admitiu que a instituição demonstrou preocupação.
“A faculdade estava inicialmente preocupada que este projeto, que eu também usei para o meu EPQ, fosse perigoso. No entanto, fizemos avaliações de risco completas e a equipa tem sido muito solidária", explicou.
O Dr. Julian Davies, chefe do Cardiff Sixth Form College Cambridge, revelou que o projeto, descrito por ele como "extremamente empolgante" levou 1 ano e meio para ser feito. Davies ainda destacou que a instituição que proporcionar aos seus alunos a oportunidade de trabalhar em projetos que os interessem, "bem como ensiná-los a passar em exames e a ser corajosos para permitir que assumam riscos e desenvolvam projetos que sejam aplicáveis a situações da vida real".
"Cesare tem sido excelente em sua ética de trabalho e, sem dúvida, causará um impacto significativo na indústria de energia no futuro", complementou Davies.