
O Gran Turismo 7 sempre foi um jogo de contrastes. É visualmente dos melhores e com uma física de condução muito boa, mas com uma estrutura de "carreira" (os menus do café) que deixou muitos fãs desiludidos.
A nova atualização gratuita Spec III e, principalmente, o DLC pago Power Pack tentam resolver isso. O Power Pack introduz uma nova dinâmica de corridas que nos faz lembrar os tempos áureos do Gran Turismo 4, onde a preparação e a consistência eram chave. Mas será que vale os quase 30 euros? Fomos testar.
Power Pack: finalmente, corridas a sério
A grande mais-valia deste DLC é a mudança de paradigma. Quem joga Gran Turismo sabe que a maioria das corridas se resume a começar em último e tentar ultrapassar toda a gente em 3 ou 5 voltas. O Power Pack acaba com isso. Aqui, temos fins de semana de corrida completos. Ou seja, há treinos livres para conhecer a pista, sessões de qualificação para definir a grelha de partida e a corrida propriamente dita.

Esta estrutura muda tudo. Já não tens de ter um carro mais rápido para recuperar 20 segundos (ou às vezes mais) em duas voltas. Podes focar-te em ser consistente, defender a posição e atacar no momento certo. E escolhe entre três carros que te dão níveis de dificuldade diferentes. A sensação de imersão é muito superior e aproxima-se mais de um verdadeiro simulador de competição.
A nova IA, Gran Turismo Sophy 3.0, é a cereja no topo do bolo. A Sophy 3.0 é mais agressiva, comete erros, defende o interior da curva e ataca-te se deixares a porta aberta. As corridas sentem-se masi vivas e imprevisíveis, com o pelotão a manter-se compacto e a lutar por cada centímetro de asfalto. Só é pena não a termos em todas as corridas offline. Devia ser o padrão.

Nem tudo é perfeito no Power Pack
Mas nem tudo é perfeito. A minha maior crítica ao Power Pack é a limitação na escolha dos carros. Em vez de poderes usar a tua garagem, afinada e personalizada com tanto carinho, és muitas vezes forçado a usar carros pré-definidos ou "emprestados" para o evento.
Isto significa que não podes escolher a tua livery favorita nem mexer nas configurações de suspensão ou aerodinâmica para adaptar o carro ao teu estilo de condução. Para um jogo que celebra a cultura automóvel e o tuning, é uma pena não termos essa possibilidade neste novo modo. De certa forma transforma a experiência em algo mais "arcade" e menos pessoal. É pena, porque com a liberdade de escolha, este DLC seria quase perfeito.

Spec III: Conteúdo gratuito de luxo
Para quem não quer gastar dinheiro, a atualização gratuita Spec III já é um presente generoso. A adição de pistas icónicas como Yas Marina (Abu Dhabi) e Gilles-Villeneuve (Montreal) traz variedade e são desafios técnicos. E a lista de novos carros é bastante extensa. Desde o moderno Ferrari 296 GT3 ao futurista Polestar 5, passando pelo nostálgico e absurdo Renault Espace F1 com motor V10.

Conclusão: Vale a pena?
Se és um jogador casual que só quer dar umas voltas ao fim de semana, a atualização gratuita Spec III chega e sobra. Mas se és um fã hardcore (como é o meu caso) que sentia falta da tensão de uma qualificação e de corridas táticas contra uma IA competente, o Power Pack é obrigatório.
Apesar das limitações na escolha dos carros, oferece a melhor experiência de corridas puras que o Gran Turismo 7 tem para dar neste momento. Traz uma nova vida a um jogo que já se esperava estar quase em fim de vida. São 29,99 € muito bem empregues para os fãs.
