Numa altura em que a tecnologia está a ganhar terreno nos componentes usados nos veículos automóveis, as matrículas digitais, em vez das tradicionais ‘chapas’ de metal, são uma das opções que os condutores começam a seguir.
São várias as vantagens de usar matrículas digitais, mas a verdade é que nem tudo são fatores positivos e este tipo de soluções pode mesmo tornar-se numa grande dor de cabeça para os proprietários dos automóveis e, sobretudo, para as autoridades.
Como? Imagina uma placa de matrícula ser ‘hackeada’, de forma a que o proprietário possa evitar portagens, multas ou notificações; e imagina essa situação no caso de um carro ser roubado...
São exatamente esses os problemas que uma empresa nos EUA está a enfrentar com as suas matrículas digitais.
Matrículas da Reviver sofrem ‘jailbreak’
A história foi divulgada pela Wired (acesso pago) e reproduzido pelo site Tom’s Guide, e envolve a empresa norte-americana de matrículas digitais Reviver e o especialista em segurança da IOActive, Josep Rodriguez.
Este especialista conseguiu aplicar uma técnica de ‘jailbreak’ numa matrícula da Reviver, ligando um cabo aos conetores internos da placa para reescrever o seu firmware.
A partir daí, a Wired refere que a matrícula passou a ser controlada por uma aplicação de telemóvel, via Bluetooth, e a informação apresentada no respetivo ecrã alterada.
Isto significa, por um lado, que existe potencial para os proprietários alterarem os dados das suas matrículas digitais, de forma a fugir a multas ou a outro tipo de controlos; mas abre também as portas a que os criminosos roubem um automóvel e alterem a matrícula e o sistema de rastreio, dificultando a deteção e recuperação do veículo.
Sobre esta vulnerabilidade, a Reviver não nega o problema (já vendeu 65 mil unidades), mas responde que “a atividade de jailbreaking seria um ato criminoso sujeito a ação judicial”. Por outro lado, alega que a alteração feita pelo especialista da IOActive “requer acesso físico ao veículo e à chapa, remoção da chapa, ferramentas especializadas e conhecimentos especializados”, o que supostamente reduz a probabilidade de acontecer.
Precisamos mesmo de matrículas digitais?
As matrículas dos automóveis em formato digital têm inúmeras vantagens face às versões tradicionais em metal. Além das questões estéticas e de personalização, dependentes das leis de cada país, podem permitir o rastreamento mais fácil dos carros roubados, ou a atualização rápida e económica das informações sobre o licenciamento da viatura.
Por outro lado, sobretudo ao nível da segurança rodoviária e das informações às autoridades, permitem exibir mensagens importantes, como alertas de segurança, avisos de manutenção ou de inspeção, de seguros vencidos, entre outros.
Por fim, é uma opção mais ecológica que evita a utilização de materiais metálicos e processos de fabrico menos sustentáveis.
Para já a utilização de matrículas digitais é ainda algo raro a nível mundial. Nos EUA podem ser adquiridas nos estados da Califórnia, Arizona, Michigan e Texas, sendo possível a sua circulação em todo o país.