Já se pensa em matrículas de carros digitais, mas há um grande problema

Pedro Alves
Pedro Alves
Tempo de leitura: 3 min.

Numa altura em que a tecnologia está a ganhar terreno nos componentes usados nos veículos automóveis, as matrículas digitais, em vez das tradicionais ‘chapas’ de metal, são uma das opções que os condutores começam a seguir.

São várias as vantagens de usar matrículas digitais, mas a verdade é que nem tudo são fatores positivos e este tipo de soluções pode mesmo tornar-se numa grande dor de cabeça para os proprietários dos automóveis e, sobretudo, para as autoridades.

Como? Imagina uma placa de matrícula ser ‘hackeada’, de forma a que o proprietário possa evitar portagens, multas ou notificações; e imagina essa situação no caso de um carro ser roubado...

São exatamente esses os problemas que uma empresa nos EUA está a enfrentar com as suas matrículas digitais.

Matrículas da Reviver sofrem ‘jailbreak’

Já se pensam em matrículas de carros digitais, mas há um grande problema
Dependendo da legislação nos locais onde são usadas, as matrículas digitais permitem a sua rápida personalização.
Imagem: Reviver

A história foi divulgada pela Wired (acesso pago) e reproduzido pelo site Tom’s Guide, e envolve a empresa norte-americana de matrículas digitais Reviver e o especialista em segurança da IOActive, Josep Rodriguez.

Este especialista conseguiu aplicar uma técnica de ‘jailbreak’ numa matrícula da Reviver, ligando um cabo aos conetores internos da placa para reescrever o seu firmware.

A partir daí, a Wired refere que a matrícula passou a ser controlada por uma aplicação de telemóvel, via Bluetooth, e a informação apresentada no respetivo ecrã alterada.

Isto significa, por um lado, que existe potencial para os proprietários alterarem os dados das suas matrículas digitais, de forma a fugir a multas ou a outro tipo de controlos; mas abre também as portas a que os criminosos roubem um automóvel e alterem a matrícula e o sistema de rastreio, dificultando a deteção e recuperação do veículo.

Já se pensam em matrículas de carros digitais, mas há um grande problema
A identificação do stand nos veículos em exposição é uma das funcionalidades das matrículas digitais.
Imagem: Reviver

Sobre esta vulnerabilidade, a Reviver não nega o problema (já vendeu 65 mil unidades), mas responde que “a atividade de jailbreaking seria um ato criminoso sujeito a ação judicial”. Por outro lado, alega que a alteração feita pelo especialista da IOActive “requer acesso físico ao veículo e à chapa, remoção da chapa, ferramentas especializadas e conhecimentos especializados”, o que supostamente reduz a probabilidade de acontecer.

Precisamos mesmo de matrículas digitais?

Já se pensam em matrículas de carros digitais, mas há um grande problema

As matrículas dos automóveis em formato digital têm inúmeras vantagens face às versões tradicionais em metal. Além das questões estéticas e de personalização, dependentes das leis de cada país, podem permitir o rastreamento mais fácil dos carros roubados, ou a atualização rápida e económica das informações sobre o licenciamento da viatura.

Por outro lado, sobretudo ao nível da segurança rodoviária e das informações às autoridades, permitem exibir mensagens importantes, como alertas de segurança, avisos de manutenção ou de inspeção, de seguros vencidos, entre outros.

Por fim, é uma opção mais ecológica que evita a utilização de materiais metálicos e processos de fabrico menos sustentáveis.

Já se pensam em matrículas de carros digitais, mas há um grande problema
Além da componente estética, as matrículas digitais podem facilitar o rastreamento de veículos roubados.
Imagem: Reviver

Para já a utilização de matrículas digitais é ainda algo raro a nível mundial. Nos EUA podem ser adquiridas nos estados da Califórnia, Arizona, Michigan e Texas, sendo possível a sua circulação em todo o país.

Pedro Alves
Pedro Alves
À paixão da escrita juntou a da Tecnologia e fez disso profissão durante duas décadas.