Qualquer motherboard comprada atualmente vem com um qualquer tipo de placa de som. Longe vão os tempos em que a Creative dominava o mercado com as suas Sound Blaster, e a tecnologia EAX era referência em áudio para jogos.
Deixamos, por isso, de pensar muito nesse componente do nosso sistema, quando na verdade o mercado continua a ser fértil em alternativas, todas propondo melhorar a qualidade do que ouvimos.
Vejamos então se há realmente valor por descobrir nessas soluções
Justifica-se um investimento extra?
A resposta mais curta e mais direta é: Normalmente não. Mas depende. Depende essencialmente do uso a dar, do tipo de equipamento que já existe e daquele que se pretenda vir a ter.
Para o utilizador mais comum, o áudio onboard é já muito bom para permitir tirar o bom proveito dos auscultadores e/ou colunas que possuí.
Em determinadas gamas de preço, provavelmente a roçar o obsceno, encontram-se alguns auscultadores que realmente requerem muita mais energia para funcionarem na sua plenitude.
Muitos dos chips integrados não têm a capacidade para os alimentar corretamente e, nesses casos, é recomendável um DAC (Conversor Digital-Analógico) e um amplificador.
Aliás, este é provavelmente o "remédio" mais universal para quem quer, efetivamente, melhorar a experiência de áudio no PC e com outros dispositivos.
Investir num bom conjunto de fones e num DAC USB/Thunderbolt já com amplificador integrado, por exemplo, é uma solução que irá apresentar uma melhoria qualitativa percetível e adicionar alguma versatilidade a qualquer sistema no qual se pretenda intervir a esse nível.
Problemas comuns que levam a mudar a placa de som
Uma das principais razões que surgem para se pensar em investir numa nova placa de som é o ruído elétrico. Podemos não saber o que se passa exatamente, mas é frequente ouvirmos zumbidos, estalidos e outros sons parasitas, quando ouvimos música no PC por exemplo.
Essas interferências são causadas pela diversa eletrónica existente no interior da nossa máquina. Há demasiados componentes concentrados num espaço tão confinado, aos quais ainda juntamos diversos tipos de cablagem a conduzir corrente elétrica.
Somos por isso levados a pensar que há algum problema com o circuito do áudio ou que o mesmo não oferece grande qualidade, quando na verdade é o eletromagnetismo a adulterar a nossa experiência.
Isso normalmente é ainda mais acentuado quando usamos o painel frontal da nossa tower, pois há um cabo que atravessa todo o interior da caixa, para nos disponibilizar uma ligação mais cómoda para o headset.
Por tudo isto a primeira das (possíveis) soluções é conectar os auscultadores diretamente no painel traseiro, minimizando o percurso do sinal e o ruído a que potencialmente estará sujeito.
Versatilidade é optar por soluções externas
Se mesmo assim não se sentirem melhorias substanciais, então optar por uma solução externa ao sistema é a medida recomendável. Aqui estamos novamente a falar de um DAC/amplificador, em que devemos prestar atenção particular à impedância que podem suportar.
Este é um fator determinante para alta fidelidade, já que muitos dos auscultadores premium precisam de mais energia para realmente se destacarem de produtos medianos. O standard da indústria são 32Ω, mas facilmente encontramos produtos com impedâncias até aos 80Ω ou mais.
Outro pormenor a ter em mente é a nossa estação de trabalho. Inicialmente demos o exemplo de um desktop, mas muito de nós apenas possuem um portátil.
O DAC USB é muito mais versátil do que uma solução interna e pode até ser usado com dispositivos móveis, como smartphones. Tudo depende da nossa análise de potenciais cenários de utilização e de escolher em conformidade.
O mais importante é mesmo o uso
Se o foco é a produção áudio, seja música ou um podcast, é necessário algo adaptado para tal. O número de entradas e saídas passa a ser algo muito importante, e o tipo de equipamento com que iremos gravar também.
Aqui a opção primordial é um mixer que nos permita capturar vários interlocutores ou instrumentos simultaneamente. Vamos também necessitar de entradas amplificadas para os microfones, já que o material de estúdio trabalha habitualmente com conectores XLR e phantom power para alimentação.
Por serem interfaces específicos, não estão contemplados no leque de conexões de que dispomos num computador. O controlo das várias linhas de entrada também é importante e nada melhor que poder fazê-lo fisicamente, sem ter de depender de drivers e software.
Já no caso dos gamers os pontos fulcrais são a imersão e som posicional. A grande maioria dos fabricantes já tentou implementar sistemas multicanal, fisicamente no interior de headsets, mas a verdade é que poucos o conseguiram com um nível de sucesso assinalável.
Por isso, a aposta atual é a emulação. Há muita oferta de soluções 5.1 ou até mesmo 7.1 em que palco sonoro é na realidade stereo com virtualização à mistura, ou seja, software.
Continuamos a ter apenas 2 canais a transmitir a informação, mas o som é recriado para criar a ilusão de profundidade e direção. Para isso nem sequer precisamos de uma placa dedicada.
O Windows 10 possuí algo nativo (Windows Sonic for Headphones), capaz de implementar essa perceção espacial mais refinada, mas há marcas como a Dolby (Dolby Atmos for Headphones) ou a Razer (Razer Surround e Surround Pro) a fornecer soluções de software com o mesmo tipo de funcionalidade, em alguns casos integrados já nos próprios jogos.
Por falar em jogos, confere quais as placas gráficas recomendáveis para cada tipo de utilizador.
A placa de som que já temos é suficiente
Na verdade, as soluções de áudio integrado evoluíram de forma substancial. Fabricantes como a C-Media e mais notoriamente a Realtek, têm conseguido produzir soluções muito respeitáveis.
No início falamos sobre um nome ainda hoje icónico no que ao áudio diz respeito e muita dessa fama vem precisamente do que a Creative trouxe de evolução ao áudio em PC.
Ainda hoje a marca continua a produzir várias soluções para os utilizadores mais exigentes, sendo que é frequentemente considerada uma referência.
Outro player importante é a ASUS e a sua linha Xonar. O fabricante de Taiwan ganhou bastante tração quando a Creative começou a perder um pouco do seu vigor, e assim acabar por se tornar igualmente algo incontornável neste segmento de produtos.
Outras marcas de referência durante os anos 90 (altura em que provavelmente assistimos a uma evolução mais significativa nesta área), como por exemplo a Turtle Beach, acabaram por evoluir noutro sentido.
Se verificarmos, por exemplo, as boards mais vendidas na Amazon, obtemos uma amostra particularmente interessante. Estamos perante um mix de produtos Intel e AMD, e que abrangem praticamente todo o tipo público alvo.
Vendo mais ao detalhe, verificamos que praticamente todas elas usam o mesmo chip de áudio, apesar de estarem posicionadas em intervalos de preço muito distintos.
Pode haver mais ou menos marketing envolvido, esta ou aquela certificação, mas muito raramente esses fatores são realmente importantes para garantir a correta diferenciação de produtos, quando os fabricantes recorrem à mesma tecnologia de base.