Investigadores criam "coronavirus digital" transmissível aos smartphones por Bluetooth

Rui Bacelar
Rui Bacelar
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Investigadores académicos nos Estados Unidos da América criaram um vírus para smartphones Android que visa replicar o padrão de transmissão do coronavírus. O pacote infecioso transmite-se via Bluetooth, simulando também o impacto do distanciamento social.

A tecnologia será usada para estudar melhor a propagação da COVID-19, fruto de uma colaboração entre os investigadores da Universidade de Queensland, Universidade de Melbourne e o Massachusetts Institute of Technology (MIT).

Chama-se Safe Blues e espalha-se por Bluetooth

Trata-se de um "vírus virtual" apelidado de Safe Blues, cujas variantes circulam entre os smartphones de modo similar a tokens virtuais através da conexão Bluetooth. A transmissão obedece às diretivas de distanciamento social, tal como o coronavírus.

Esta "ameaça" controlada encontra-se descrita no Patterns Journal e replica diversos aspetos do vírus real, transmissível entre seres humanos. Com efeito, também o Safe Blues tem período de incubação e os níveis de infeção variam de acordo com vários fatores.

O vírus é considerado ativo durante um tempo limitado em cada smartphone "infetado". Período durante o qual, caso esse telefone se aproximar o suficiente de outro terminal, há uma chance dessa variante se espalhar para o dispositivo móvel vizinho.

O vírus virtual visa simular a propagação do coronavírus

Tal como nos seres humanos, se um telefone infetado se aproximar em demasia de outro smartphone "saudável", há uma boa possibilidade de a estirpe em questão se propagar.

Por outro lado, se o dispositivo se mantiver em isolamento, o conteúdo infecioso não se propaga e, findo o período de infeção, acaba por desaparecer.

Deste modo, a infeção virtual por Bluetooth pode ajudar os investigadores a entender melhor as cadeias de transmissão do coronavírus e auxiliar ao combate da COVID-19.

De acordo com as notas da pesquisa, ao contrário das epidemias biológicas, esta pode ser controlada em tempo real. Isto é, a qualquer momento os investigadores podem saber quantos telefones estão infetados e com que estirpes do vírus.

Este modelo ajudará a analisar e estudar o comportamento dos padrões de transmissão. Algo que continua a ser da mais extrema importância enquanto continuamos a combater esta pandemia. Aqui, ao contrário dos seres humanos, o telefone mantém-se em contacto com os investigadores e pode ser rastreado a qualquer momento.

"O Safe Blues apresenta-se como solução para apurar o impacto e propagação de uma pandemia junto da população. Permite estudar o impacto das diretivas impostas pelo governo, bem como fazer projeções da sua evolução", aponta o estudo.

Os investigadores também desenvolveram uma aplicação para Android com vista a estudar os protocolos e técnicas de prevenção implementadas nos campi das universidades em questão. Esperam ainda que os resultados possam ser usados para alimentar algoritmos de Inteligência artificial que, no futuro, possam prever acertadamente a evolução de uma nova pandemia.

Note-se, por fim, que o Safe Blues não tem nenhum impacto negativo nos smartphones "infetados".

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Rui Bacelar
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O Rui ajudou a fundar o 4gnews em 2014 e desde então tornou-se especialista em Android. Para além de já contar com mais de 12 mil conteúdos escritos, também espalhou o seu conhecimento em mais de 300 podcasts e dezenas de vídeos e reviews no canal do YouTube.