Até 2030 os datacenters em todo o mundo poderão ser responsáveis pela emissão de 2.5 mil milhões de toneladas de gases de efeito de estufa, devido sobretudo ao rápido desenvolvimento das tecnologias de Inteligência Artificial Generativa.
O valor corresponde a cerca do triplo das emissões projetadas em anteriores previsões (de 200 milhões de toneladas anuais para 600 milhões), caso a IA generativa não estivesse em utilização. E reforça a discussão sobre o verdadeiro papel que a tecnologia pode ter para promover a proteção do ambiente e a sustentabilidade do planeta.
Funcionamento dos datacenters aumenta emissões
Estes dados fazem parte de um novo estudo da Morgan Stanley apresentado no final desta semana e citado pelo TechRadar, que deixa claro as consequências diretas e indiretas da procura cada vez maior por tecnologias de IA, sobretudo generativas, na quantidade de emissões.
Parte das conclusões seguem a lógica de que mais IA significa mais dados e mais poder de processamento, o que leva à construção de mais datacenters para responder à procura por mais capacidade na Cloud – e, já agora, criando mais necessidades de arrefecimento dos sistemas...
O estudo da Morgan Stanley especifica também a origem direta e indireta das emissões projetadas até 2030: 60% dessas emissões ficarão a dever-se às próprias operações dos datacenters, enquanto os restantes 40% representam a emissão de gases de efeito de estufa associadas ao fabrico de materiais de construção e das infraestruturas dos datacenters.
Um dos exemplos concretos deste cenário avançados pelo TechRadar é o da Google, que anunciou recentemente ter registado um aumento de 48% das suas emissões nos últimos cinco anos, o que coloca em risco as suas metas de Zero Emissões.
Cumprimento das metas em causa
A juntar ao aumento dos datacenters e correspondente aumento do consumo energético, há ainda que adicionar a questão da utilização da água como forma de arrefecer os sistemas e de reduzir os gastos com a energia.
Um outro relatório recente da Universidade da Califórnia-Riverside, na altura divulgado pelo 4gnews, deixa-nos um número que ajuda a perceber a ordem de grandeza de água necessária: cada conversa ‘simples’ com o ChatGPT, composta por 20 a 50 perguntas e respostas, pode representar o equivalente a uma garrafa de 500ml de água gasta no arrefecimento.
Ora, sendo a água um recurso cada vez mais escasso e precioso, os datacenters e a própria IA acabam por colocar mais pressão na indústria relativamente ao cumprimento das metas.
De qualquer modo, a própria tecnologia é vista pela indústria e por muitos especialistas como a solução para o que a mesma tecnologia provoca. Mas com alterações necessárias.
O estudo da Morgan Stanley indica que é necessário investir cerca de 15 mil milhões de dólares no desenvolvimento das chamadas tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCUS), de forma a encontrar um standard que possa ser aplicado a nível global.
Entretanto, outras soluções vão sendo avançadas pela indústria como forma de atingir as metas de emissões zero: projetos de compensação de carbono, como a reflorestação; uso de energias renováveis; novos designs de datacenters; otimização dos algoritmos de IA; e desenvolvimento e partilhas de boas práticas entre as empresas tecnológicas.