O Huawei Pura 70 Ultra, antes do seu lançamento foi alvo de múltiplos rumores. Depois de ser revelado continuou a ser o centro das atenções devido ao seu mecanismo exclusivo de câmara retrátil que, para já, é único no mercado.
Só por si, este cartão de apresentação era o suficiente para elevar as expetativas, mas depois de experimentar o Pura 70 Pro, essas mesmas expetativas dispararam para um nível estratosférico. Sendo o Pura 70 Pro já um portento móvel, de que forma o Ultra o supera?
Huawei Pura 70 Ultra
Ecrã: OLED 6,8 polegadas, 2844x1260 pixéis, 1-120 Hz
Processador: Kirin 9010
RAM: 16 GB (modelo em teste)
Armazenamento: 1 TB (modelo em teste)
Câmara traseira: 50MP+40MP+50MP
Bateria: 5200 mAh, 100 watts carregamento rápido
Depois de uma semana, muito bem passada, com o Huawei Pura 70 Ultra partilho contigo a resposta a esta pergunta. Spoiler alert: esta marca chinesa sabe mesmo fazer bons smartphones.
Unboxing premium
Já esperava que acontecesse e aconteceu. O unboxing do Huawei Pura 70 Ultra é uma experiência em tudo premium. A caixa vem protegida por uma capa branca que apresenta o mesmo padrão do painel traseiro do smartphone.
Sim, é um pormenor que não influencia minimamente o desempenho do terminal, mas o ser premium implica que este tipo de detalhe seja entregue ao utilizador que, por sua vez, também faz um investimento premium e o Pura 70 Ultra cumpre.
Ao abrir a caixa, devidamente protegido está o Pura 70 Ultra à nossa espera. Retirá-lo deste “aposento” revela todos os acessórios que traz consigo.
Ferramenta para cartão SIM, um clássico, cabo para carregamento, outro clássico. E depois um adaptador de 100 watts, atualmente só visto em modelos deste segmento, e uma capa protetora rígida padronizada. Ora aqui está uma raridade.
Habitualmente, as marcas fornecem capas rígidas transparentes, mas a Huawei optou por fornecer ao utilizador uma capa com design, elevando a experiência premium. Na minha opinião, o padrão não é tão elegante ou estético como o painel traseiro do terminal, mas há aqui um elemento diferenciador muito bem-vindo.
Design sedutor, diferenciador e a piscar o olho ao meio ambiente
O design do Pura 70 Ultra é sedutor em todos os sentidos. As suas linhas direitas com as curvas nos sítios certos, assim como o ecrã plano conferem-lhe um look premium bastante atual, com a moldura em alumínio a combinar bem e a funcionar como uma proteção relevante.
Há, parece-me, uma aplicação real do conceito de design, no qual a estética anda de mãos dadas com a funcionalidade. Pesa 226 gr e sente-se na mão cada um desses mesmos gramas. Não é que seja pesado, mas é robusto e essa robustez faz-se sentir.
Pelo lado positivo, quando estamos a tirar fotografias, não se torna pesado para as mãos, mas para quem coloca o smartphone no bolso, fica o aviso sobre a parte robusta.
À semelhança do que acontece com o Pura 70 Pro, o design do painel traseiro fica marcado pelo módulo de câmara em forma de flecha. Já o dissemos e repetimos é único no mercado e prima por ser elegante e sofisticado, com os círculos dos sensores a arrancarem suspiros à sua passagem.
Mas há uma pequena grande diferença entre os “irmãos” Pura mais avançados. O material do seu painel traseiro. O 70 Pro tem um painel macio como algodão, mas escorregadio como cetim, o Ultra não podia ser mais diferente.
O seu painel traseiro em couro ecológico, num claro piscar de olho ao meio ambiente, é muito confortável de manusear e fornece uma sensação de aderência à mão muito segura e confiante.
Aqui não é quase obrigatório usar a capa protetora, visto que este couro ecológico assenta confortavelmente e de forma segura na mão. E sim, temos a mesma segurança se o agarrarmos apenas com uma mão.
A textura é também muito agradável ao toque e ainda que o padrão seja bastante visível para os olhos, surpreendentemente é bastante menos percetível para o tato.Em resumo, estamos perante um smartphone que emite estilo e beleza por todos os seus “poros” e exibe ostensivamente a sua alma premium.
O Pura 70 Ultra chega sedutor e capaz de conquistar muitos corações. Aquele módulo em forma de flecha funciona como um Cupido imbatível por todo o lado em que passa. A Huawei fala num “estilo único” e efetivamente o Pura 70 Ultra é único no seu estilo inconfundível.
Ecrã de qualidade com uma surpresa
O ecrã OLED do Huawei Pura 70 Ultra tem 6,8 polegadas e uma resolução de 2844 por 1260 pixéis. Conta também com uma taxa de atualização variável de 1 a 120 Hz, para poupança de bateria, que funciona muito bem.
O brilho máximo é de 2500 nits e funciona bem em ambientes mais banhados pelo sol. Mas o que realmente me surpreendeu foi o leitor de impressões digitais que parecia conhecer o meu dedo melhor do que qualquer equipamento governamental, conhecidos pela sua sensibilidade.
Por vezes, bastava tocar no painel – e nem sempre no local exato deste leitor – para que o terminal fosse desbloqueado, como que por magia. Não tive a mesma experiência com o Pura 70 Pro, ainda que este também funcionasse muito bem. Mas com o Pura 70 Ultra o tão rápido e assustadoramente eficaz leitor de impressões digitais deixa mesmo uma boa impressão.
Quanto à visualização de conteúdos, o ecrã do Ultra lida com qualquer tipo que lhe seja apresentado. Mostra imagens nítidas com detalhe e a atualização é feita, em segundo plano, de forma silenciosa e muito eficaz. Podemos ver, por exemplo, uma série de ação bastante movimentada que não vamos sentir qualquer hesitação por parte deste painel.
Também na utilização diária, todos os ícones têm uma leitura excelente, assim como mensagens, mails, etc. Confere também uma boa sensação de infinito e imersiva, graças ao painel ser plano, mas com toda uma moldura arredondada à sua volta. Este ecrã OLED passa, com distinção, no teste.
O que aqui nos traz: a câmara Ultra
Mecanismo retrátil explicado
Sem mais demoras, passemos à atração principal do Pura 70 Ultra: a sua câmara traseira retrátil. Começamos por explicar este conceito. Sempre que acionamos a câmara deste smartphone, a sua objetiva “salta cá para fora”, o que é sinalizado por um círculo vermelho – quando a câmara está fechada, o círculo vermelho não é visível como podemos ver nas imagens.
A câmara mostra-se graças a um mecanismo com motores que usam pulsos elétricos para estender ou recolher suavemente a objetiva. Este é um mecanismo semelhante ao que é usado pelas câmaras fotográficas compactas e caracteriza-se por fornecer duas vantagens. A primeira é a possibilidade de integração de um sensor maior, num corpo mais compacto, como segunda vantagem.
E é exatamente isso que o Pura 70 Ultra oferece. O modelo está equipado com um sensor CMOS com uma polegada de tamanho que fornece 50 megapixéis de resolução e uma abertura variável de câmara f/1.6-4.0.
Neste módulo traseiro está também um sensor ultra grande angular de 40 megapixéis e abertura f/2.2 e um sensor macro de 50 megapixéis e abertura f/2.1. Tanto o sensor primário como o telefoto estão equipados com estabilização ótica de imagem.
Abertura variável dá resultados excelentes
Antes de qualquer outra coisa, as fotos captadas pelo Pura 70 Ultra são excelentes. A abertura variável tem aqui um papel crucial, mostrando que consegue adaptar-se a qualquer condição de luminosidade.
Durante o dia, as fotos têm cores reais e vivas, assim como mostram um nível de detalhe impressionante. A abertura variável também “brinca” com a profundidade e com a desfocagem, mas de forma irrepreensível. Nunca se afasta do assunto enquadrado.
Os resultados aqui mostrados são prova disso, visto que foram captados com a abertura variável em modo automático. Funcionou bem de dia, de noite e até a meio termo no final de uma tarde. Mas para os mais exigentes e profissionais há o modo manual que dá total controlo ao fotógrafo sobre a profundidade de campo.
Modos específicos e zoom ótico
Passemos a outro ponto importante. O zoom ótico de 3,5X aproxima-se e capta um nível de detalhe impressionante, mesmo quando o objeto fotografado é um holofote com luz, naquele momento do dia em que o sol está a pôr-se e as condições de luminosidade são mais traiçoeiras.
A estabilização de imagem previne eficazmente uma ocasional desfocagem provocada por um tremer de mãos. A nitidez é puro deleite e a cor do céu não podia ser mais real.
Em modo noturno, a nitidez e nível de detalhe mantêm-se. A câmara lida tão bem com a fraca iluminação urbana que, nos exemplos aqui mostrados até parece que estas árvores têm holofotes apontados para si. Os resultados são muito bons, mas a cor acaba por transmitir mais calor do que tem na realidade.
O modo retrato fala por si. O modelo não foi escolhido ao acaso. As rugas são sempre um excelente teste à nitidez, nível de detalhe e foco de uma câmara. Olhando para o resultado que o Pura 70 Ultra entregou, só uma palavra a dizer: excelente. Até o olhar parado do boneco parece ganhar vida com o enquadramento e desfoque automaticamente feitos por esta câmara.
As fotos em movimento
O Pura 70 Ultra chega com a promessa de tirar fotos a 300 km/h. Devido à falta de oportunidade de testar essa capacidade numa competição de Fórmula 1, achei que numa via rápida dentro de um carro a fotografar outros carros igualmente em movimento podia ser um bom teste e foi.
A câmara conseguiu ser mais rápida a captar que o meu olhar a detetar a aproximação do autocarro. Estamos a falar de várias faixas de distância e de um vidro com mais pó do que desejável; mas ainda assim, o Pura 70 Ultra consegue uma boa foto do objeto captado, sem se esquecer de fornecer um cenário com detalhe e cores reais e vividas. De seguida, mais dois exemplos da capacidade de detalhe e da fidelidade à cor que esta câmara tem.
A câmara frontal de 13 megapixéis também funciona bastante bem com as fotos a exibir o mesmo nível de detalhe, nitidez e cores reais. Os entusiastas de selfies têm aqui um companheiro à altura.
Com o Huawei Pura 70 Ultra estamos perante uma câmara versátil que se adapta a qualquer tipo de luminosidade e cenário. Já experimentei smartphones com boas câmaras e, sem dúvida, que atualmente o Pura 70 Ultra tem muitos rivais no mercado, mas como este, para já, não há nenhum. Um enorme salvé para o rei da fotografia.
O pouco misterioso processador Kirin
Meses antes do seu lançamento, a série Pura 70 viu-se envolvida numa espécie de “policial”, com rumores a falar de um processador em tudo misterioso. E eis que o mistério foi desvendado para revelar um chip que de misterioso tem pouco.
O Kirin 9010 alimenta o Pura 70 Ultra e é baseado no processo de fabrico mais antigo de 7 nm. Para efeitos de comparação, o Snapdragon 8 Gen 3 do Samsung Galaxy S24 Ultra é baseado no processo de 4 nm e o A17 do iPhone 15 Pro Max é baseado em 3 nm.
A sua antiguidade é óbvia, mas o que é certo é que cumpre, na perfeição, com tudo o que lhe é solicitado. Numa utilização diária, é pouco provável que se note a diferença, porque a navegação é fluida e rápida e, comigo, não hesitou ou empatou qualquer tarefa.
Primeiro ponto que tem de ser considerado negativo. Não tem comunicações 5G, nem pode, porque está impedido e esta é uma cruz que a Huawei tem de carregar consigo até encontrar uma solução que não viole as sanções de que é alvo.
O mesmo vale para os serviços Google… ausentes, pois claro. E é uma pena que um smartphone realmente bom, não possa ser abertamente considerado o melhor por imposições comerciais que teimam em se prolongar no tempo.
As boas notícias é que a questão de bloatware não se coloca aqui. As apps Huawei estão instaladas de raiz e na configuração são sugeridas outras (mesmo muitas até), mas só as instalamos se quisermos. Valha-nos isso.
Autonomia igual à do “irmão” Pura 70 Pro
O Pura 70 Ultra está equipado com uma bateria de 5200 mAh que dura um dia inteiro, mesmo que estejamos a tirá-lo da mala de cinco em cinco minutos para tirar mais “aquela fotografia”.
Aqui, a experiência foi igual à do “irmão” Pura 70 Pro que tem uma bateria mais pequena de 5050 mAh. Mas o Ultra precisa de mais alimento, daí a Huawei ter acertado em cheio na diferença de unidades.
Já o carregamento de 100 watts é igual e os tempos de carregamento foram também bastante semelhantes, com o Ultra a fazer um carregamento razoável em apenas 10 minutos e a carregar na totalidade também em menos de uma hora.
Este é um ponto importante porque vamos utilizar muito este smartphone. Com as suas capacidades para a fotografia, é inevitável que gastemos “o rolo fotográfico” todo. Ou melhor dizendo, puxemos pela bateria à séria durante as horas em que estamos acordados.
Do Huawei Pura 70 Pro para o Pura 70 Ultra
A começar este ponto, tenho de salientar que ambos os modelos Pura são muito bons. A Huawei sabe fazer smartphones e nem as sanções de que é alvo a impedem de disponibilizar terminais muito acima da média.
Dito isto, o Ultra está ao nível estratosférico e o Pro um nível abaixo. Não ficamos mal servidos com a qualidade das fotos do Pura 70 Pro, mas o Pura 70 Ultra lida com o movimento de uma forma única.
Ainda que as diferenças sejam quase que subtis, a abertura variável automática do Ultra é também irrepreensível. E confesso que gostei mais do seu modo retrato, parece-me mais detalhado.
Mas onde se nota mais a diferença é…. no painel traseiro. Sim, o couro ecológico é muito mais que um apontamento de estilo e estética. Fica seguro na mão, é confortável de usar e não é dado a escorregadelas perigosas. O painel traseiro, quase de cetim, do Pura 70 Pro exige o uso de uma capa protetora, o do Ultra não.
De resto, ambos fornecem a mesma experiência no desempenho, ecrã e autonomia. Em comum têm também o preço elevado e mais uma vez, o Ultra está ao nível estratosférico e o Pro um nível abaixo, mas os dois não estão ao alcance de todas as carteiras.
Notas finais
O Huawei Pura 70 Ultra mesmo antes de chegar ao mercado já gerava muito interesse e expetativa. Quando foi revelado correspondeu a todo o burburinho que se gerou à sua volta com uma alma de verdadeiro fotógrafo.
O seu grande argumento é a câmara retrátil, única no mercado, que não só é original como uma verdadeira profissional no seu trabalho. As fotos que capta são excelentes em detalhe, nitidez e cor.
Abertura variável é irrepreensível, o zoom ótico muito competente e os modos manuais oferecem todo um admirável mundo de opções que vão responder aos desejos dos fotógrafos mais exigentes. Este é o melhor smartphone para a fotografia neste momento, sem qualquer sombra de dúvida.
E ainda bem que é este o reino que quer dominar. Noutros campos não vai conseguir fazê-lo. Entrega um bom desempenho, mas o seu processador ainda é baseado em 7 nm, assim como não tem suporte para comunicações 5G ou serviços Google.
Esta é a cruz da Huawei. Faz muito bem smartphones de topo, mas esse mesmo topo é-lhe vedado por sanções comerciais que a impedem de utilizar certa tecnologia e serviços. Por essa razão, e na minha opinião, apenas por essa razão o Pura 70 Ultra não é o melhor smartphone do momento.
Estas ausências não o permitem, assim como o seu custo de 1499 € é demasiado elevado, sobretudo por não ter comunicações 5G. A câmara retrátil, os acessórios incluídos, o ecrã fantástico e o design de exceção podem justificar um preço alto, mas não a este nível. Este é um grande senão de um terminal que é estratosférico, mas que também não vai estar ao alcance de muitas carteiras ou exigências de alguns utilizadores.
Acabamos sempre por bater no mesmo ponto, a Huawei sabe fazer smartphones excelentes e é uma pena que esteja agora limitada nessa sua arte.
Huawei Pura 70 Ultra
Ecrã: OLED 6,8 polegadas, 2844x1260 pixéis, 1-120 Hz
Processador: Kirin 9010
RAM: 16 GB (modelo em teste)
Armazenamento: 1 TB (modelo em teste)
Câmara traseira: 50MP+40MP+50MP
Bateria: 5200 mAh, 100 watts carregamento rápido