Do alcatrão para o espaço: A Honda lançou um foguete reutilizável
De forma inesperada a Honda, marca conhecida pelo fabrico de automóveis e motas, alargou os horizontes e decidiu entrar na corrida ao espaço.
A empresa anunciou terça-feira, 17 de junho de 2025, que o lançamento e aterragem do seu primeiro protótipo de foguete reutilizável foi um sucesso, marcando assim um momento histórico para a marca japonesa.
O teste foi feito no centro de testes da Honda em Taiki, uma cidade no norte do Japão e com tradição em investigação aeroespacial.
O foguete, que tem 6,3 metros de comprimento, atingiu uma altitude de 271 metros, e aterrou com sucesso, cumprindo o objetivo da marca de demonstrar as suas tecnologias para a reutilização de veículos espaciais.
Honda quer lançar voos suborbitais até 2029
Segundo a Honda R&D (Reasearch and Development ou Investigação e Inovação), o teste pretendia validar a estabilidade em voo, a capacidade de controlo na descida e a precisão da aterragem.
A empresa reforça que se encontra numa fase de investigação inicial e que não há ainda decisões comerciais tomadas, mas o foco está em desenvolver a tecnologia necessária para permitir lançamentos suborbitais até 2029.
Esta ambição começou a ganhar forma há quatro anos, em setembro de 2021, quando a Honda anunciou pela primeira vez a intenção de criar um foguete reutilizável de pequena escala.
Em 2024, a empresa deu mais um passo ao fundar a Divisão de Desenvolvimento Espacial (Space Development Divison)na sua sede norte-americana, com o objetivo de intensificar a colaboração com a indústria espacial dos Estados Unidos.
Comparação com testes de foguetes reutilizáveis de outras empresas
A utilização de foguetões reutilizáveis tem sido uma das principais revoluções na indústria espacial nos últimos anos, com a SpaceX a liderar o caminho. Desde 2015, a empresa de Elon Musk já realizou dezenas de lançamentos e recuperações bem-sucedidas com os seus foguetes Falcon 9, que regressam à Terra com pouso vertical controlado.
A grande diferença em relação ao teste da Honda está na escala e altitude: enquanto que os foguetes da SpaceX atingem órbitas e transportam cargas para o espaço, o protótipo da Honda ainda se encontra numa fase experimental, com testes a altitudes muito baixas (271 metros) e foco em validar tecnologias básicas de voo, estabilidade e aterragem.
Ainda assim, este tipo de avanço marca um primeiro passo essencial para qualquer empresa que deseje entrar no setor bastante competitivo da exploração espacial reutilizável.
Investimentos estratégicos e colaborações espaciais
A Honda tem reforçado bastante a sua presença no setor aeroespacial nos últimos meses. Em abril, a empresa anunciou que iria realizar testes de um sistema de eletrólise na Estação Espacial Internacional (ISS) e também o desenvolvimento de uma célula de combustível regenerativa, com aplicações tanto para o espaço como para a Terra. Em maio, associou-se à empresa japonesa Astroscale Japan Inc. para desenvolver uma solução de reabastecimento de satélites em órbita.
Até agora a Honda tinha mantido em segredo a maior parte do progresso feito no desenvolvimento do seu foguete, o que torna este anúncio particularmente surpreendente para o público e para o setor.
Corrida espacial acelera no Japão
A Honda não está sozinha nesta nova fase. A Toyota também está a investir em tecnologias espaciais, tendo apoiado a empresa Interstellar Technologies, com sede em Taiki (local onde a Honda realizou o seu teste), para viabilizar a produção em massa de veículos de lançamento (foguetões projetados para transportar cargas até ao espaço).
O governo japonês tem como meta duplicar o tamanho da indústria espacial para 8 mil milhões de ienes (cerca de 48 mil milhões de euros) até ao início da década de 2030, com subsídios a foguetões privados, satélites e outras missões espaciais.
Sucesso do lançamento dá sinal verde ao futuro espacial da Honda
Com o sucesso deste lançamento e aterragem, a Honda dá um sinal claro de que pretende fazer parte do futuro da exploração espacial. O CEO global da marca, Toshihiro Mibe, afirmou:
“Estamos satisfeitos por ter dado mais um passo em frente na nossa investigação sobre foguetes reutilizáveis com este teste bem-sucedido. Acreditamos que a investigação espacial é uma aposta significativa que tira partido das nossas capacidades tecnológicas.”
