Enquanto grande parte da indústria dos videojogos mergulha de cabeça nas ferramentas de IA generativa, na Mojang a resposta é clara: não, obrigado. A equipa responsável pelo aclamado Minecraft deixou bem vincada a sua posição durante um evento recente, defendendo que o jogo mais vendido da história continua a depender — e muito — da criatividade humana.
Criar é humano, e Minecraft também

De acordo com a IGN, Agnes Larsson, diretora de Minecraft Vanilla, foi direta ao abordar a questão num evento recente.
“Para nós, assim como Minecraft, o foco é a criatividade e a criação […] Acho importante que criar nos faça sentir felizes como humanos. Esse é um propósito, [que] torna a vida bela. Então, para nós, realmente queremos que sejam as nossas equipas que criem os nossos jogos”, afirmou Larsson.
Na ocasião, a produtora executiva Ingela Garneij também reforçou o ponto. Para ela, há algo em Minecraft que simplesmente não se replica com uma linha de código automatizado.
“O toque específico de: o que é Minecraft, como é que ele se parece? — é uma qualidade extra que é realmente difícil de criar por meio de IA”, explicou.
Garneij também destacou as dificuldades de trabalhar com equipas remotas e sublinhou a importância das interações humanas, presenciais.
“A criatividade é… tu precisas de te encontrar com os outros como pessoa, como ser humano, para realmente entender os valores, os princípios e o ecossistema. A história, tudo — é tão grandioso. Minecraft é um planeta, é grandioso”, concluiu.
Noutras palavras, a Mojang não está para ceder o volante a algoritmos quando o que está em causa é um universo onde a imaginação dos jogadores sempre foi a peça central. A IA pode ser eficiente, mas, para a empresa, criatividade com alma… ainda não se programa.
E no resto da Microsoft?

Apesar desta postura firme dos responsáveis por Minecraft, o cenário é bem diferente noutras divisões da Microsoft, empresa-mãe da Mojang e do universo Xbox.
A IA generativa já começa a ocupar terreno em vários projetos, como no Call of Duty: Black Ops 6, que recorreu a ferramentas do género para criar recursos no jogo. A decisão gerou alguma polémica entre os fãs, que não viram com bons olhos a substituição de talento humano por scripts automáticos.
Além disso, no início deste ano, a Microsoft apresentou o Project Muse, um modelo de IA generativa concebido para criar jogabilidade “consistente e diversificada”. Segundo Phil Spencer, chefe do Xbox, a tecnologia poderia até ser usada para preservar jogos antigos — uma ideia interessante, mas que levanta novas questões sobre o papel da IA na curadoria cultural dos videojogos.
No meio deste cenário cada vez mais digitalizado, a Mojang mantém-se firme. Enquanto muitos estúdios experimentam e testam os limites da IA, a casa de Steve, Creepers e mundos infinitos continua a ser construída, bloco a bloco, por mãos humanas.
Minecraft é, nas palavras da própria equipa, uma celebração da criatividade humana — e não há algoritmo que consiga simular isso com autenticidade.
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