Google também quer alimentar os seus datacenters com energia nuclear

Pedro Alves
Pedro Alves
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É mais um gigante tecnológico a defender a utilização da energia nuclear como alternativa ‘limpa’ para alimentar o número crescente de datacenters, mantendo os prazos para a meta de zero emissões estabelecida.

A confirmação chega pela voz do CEO da Alphabet e da Google, Sundar Pichai, que em entrevista ao nipónico Nikkei falou da necessidade de aumentar o número de datacenters para suportar as tecnologias de IA em desenvolvimento, suportados por ‘energias verdes’ para fornecer eletricidade a essas infraestruturas.

As palavras de Pichai surgem após a Microsoft ter anunciado um acordo com a Constellation Energy para fornecer energia nuclear aos seus datacenters usados no treino dos Large language Models (LLM), por um lado, e de Bill Bates ter defendido o uso do nuclear como fonte de energia ‘limpa’ e barata.

Mais datacenters com ‘energia limpa’

Google também quer alimentar os seus datacenters com energia nuclear
Imagem: Pixabay e Google

A Inteligência Artificial volta a estar no centro desta necessidade crescente de aumentar o número de datacenters e de investir em fontes energéticas alternativas, incluindo a produção nuclear, a solar e outros tipos de energia térmica.

“Pela primeira vez na nossa história temos esta peça de tecnologia subjacente que atravessa tudo o que fazemos hoje”, afirmou Pichai sobre a IA Generativa, respondendo às críticas sobre uma aposta exagerada neste tipo de tecnologia:

“Sempre que há uma grande mudança de plataforma é normal investir de forma mais desproporcional nas fases iniciais e, em seguida, é que aumentamos a eficiência...”.

Este investimento é exemplificado na aposta que a empresa tem feito no Japão em datacenters (680 milhões de dólares entre 2022 e 2024), que Pichai defende como parte de uma estratégia ligada a oportunidades de negócios para robôs movidos a IA.

“Com o tempo estaremos à procura de opções para mais investimentos” admitiu o CEO da Google e Alphabet, admitindo que os datacenters alimentados por energias renováveis se inserem nessas opções.

IA pode dificultar meta de zero emissões em 2030

O objetivo para alcançar a meta das emissões zero até 2030 em todas as suas operações continua a fazer parte do discurso da Google. Mas a verdade é que as suas emissões totais de gases com efeito de estufa cresceram 48% entre 2019 e 2023, numa base equivalente de dióxido de carbono.

A aposta nas tecnologias de IA Generativa esteve na origem deste aumento, mas Sundar Pichai mantém o objetivo estabelecido, apesar de o considerar ambicioso: “vamos continuar a trabalhar de forma muito ambiciosa para o atingir. Obviamente, a trajetória dos investimentos em IA veio aumentar a dimensão da tarefa necessária”.

Sundar Pichai, CEO Google e Alphabet
Sundar Pichai admite que os investimentos em IA atrasaram os objetivos de alcançar as zero emissões em 2030.
Imagem: Google

A solução para o equilíbrio entre o aumento dos datacenters e a redução das emissões de carbono estará assim no investimento em novos tipos de energia. “Estamos agora a analisar investimentos adicionais, seja em energia solar, seja na avaliação de tecnologias como pequenos reatores nucleares modulares, etc.” acrescentou Pichai ao Nikkei.

A publicação refere que o responsável da Google e da Alphabet não esclareceu “onde e quando o Google pode começar a adquirir eletricidade gerada por energia nuclear", mas que parte dela pode vir dos EUA.

Pedro Alves
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À paixão da escrita juntou a da Tecnologia e fez disso profissão durante duas décadas.