O Google Pixel 10 chega com uma das atualizações mais pedidas e importantes de sempre. O modelo base deixa de ser o "irmão pobre" da família e passa a ter um sistema de câmara tripla, que inclui uma lente teleobjetiva com zoom ótico 5x.
Estive a testá-lo ao longo da última semana em parelha com o Google Pixel 10 Pro XL e digo-te que esta é uma mudança de estratégia que o torna numa das propostas mais completas e interessantes do mercado. Mas o preço a começar nos 919 € também reflete essa ambição. Acompanha-me nesta análise ao aparelho.
Unboxing
A experiência de abrir a caixa de um Pixel é minimalista, e o Pixel 10 não é exceção. A marca mantém a identidade, com o produto em destaque e onde se nota uma preocupação ambiental no embalamento do produto.
Lá dentro, para além do telemóvel, encontras apenas o cabo USB-C para USB-C e a ferramenta para o cartão SIM. O carregador, poderás usar um que já tenhas por casa ou adquirir um à parte, para tirares partido do suporte a carregamento de 45 W do aparelho.
Design e construção
O design é uma evolução polida do que já conhecemos. O Pixel 9 que testámos no ano passado já era um smartphone muito bem construído e essa premissa mantém-se no novo modelo com um premium em alumínio de tecnologia espacial na moldura com acabamento acetinado e vidro polido na traseira.
Essa traseira é protegida por Gorilla Glass Victus 2, assim como a parte frontal. Com 8,6 mm de espessura e 204 gramas, sente-se robusto e bem construído na mão. Isto em combinação com o tamanho, fazem dele um equipamento bem agradável de usar.
O módulo das câmaras é dos que considero mais bonitos ao olhar e tem uma grande benesse além da estética. Que é a de podermos pousar o equipamento numa mesa e este nunca abanar enquanto o usamos. Algo que não acontece em equipamentos com módulos posicionados mais ao canto.
A certificação IP68 de resistência a água e poeira está, claro, presente. O que também está presente é o Pixelsnap, que faz uso da tecnologia Qi2 para te fornecer carregamento sem fios magnético (neste modelo de 15W, mas no Pixel 10 Pro XL de 25W).
A capa que a marca nos enviou também tem ímanes e vem preparada para ser usada nesse contexto. Durante a pré-venda dos equipamentos chega como oferta, mas após esse período terá um custo unitário de 59,99 €. É uma subida de preço e tanto para um acessório destes.
Ecrã
O ecrã continua a ser um painel OLED de 6,3 polegadas com um rácio de 20:9, mas o novo "Actua display" é agora mais legível, com um brilho máximo que atinge os 3000 nits. Isso nota-se principalmente pela excelente visibilidade no exterior que mostrou nos nossos testes.
Não temos aqui um painel com tecnologia LTPO como modelos Pro, mas a fluidez é garantida com uma taxa de atualização variável de 60-120Hz. As margens também são bastante reduzidas e uniformes.
É um ecrã com uma excelente resposta tátil e um sensor de impressões digitais ultrassónico que se revelou certeiro. Revelou-se muito bom para ver uns vídeos na pausa do trabalho e para dar um scroll maroto nas redes sociais.
Áudio
A Google deu um upgrade aos altifalantes estéreo, especialmente ao altifalante superior, e a diferença nota-se. O som está mais cheio e equilibrado, com suporte para Áudio Espacial, o que torna a experiência de ver filmes ou jogar muito mais imersiva.
Não podes esperar a corpulência do áudio do modelo Pro XL, por uma questão de tamanho-espaço. Mas nota-se que a Google deu aqui um bom passo em frente e seja a ouvir o MXGPU no Spotify ou a nova série Felp na HBO, não há como negar que ‘manda bem’ no áudio.
Desempenho
Ao longo dos últimos anos o processador dos Pixel tem sido sempre alvo de discussão e acredito que em 2025 não será exceção. O motor deste Pixel 10 é o novo Google Tensor G5, que é agora desenvolvido em colaboração com a TSMC que também produz os processadores da Apple.
Continua a não ser o processador que vai fazer figura nos benchmarks com a maior pontuação. É um claro incremento no desempenho, mas parece-me que a Google se preocupou mais com eficiência energética e sobreaquecimento.
Nos meus testes, para as tarefas do dia a dia, redes sociais e fotografia, o desempenho é super fluido, também graças aos 12 GB de RAM. É claro, para quem joga títulos muito exigentes, poderá querer procurar outros equipamentos. Mas não penses que ficas a penar com este equipamento.
Fiz vários testes no meu adorado e não tanto exigente Pokémon GO, mas também no exigente Genshin Impact e nunca senti que fiquei a perder para qualquer outro topo de gama que tenho testado. Pode não ter os maiores números nos benchmarks, mas para a esmagadora maioria dos utilizadores, isto não se notará.
Interface
O Pixel 10 estreia o Android 16 e a maior reformulação visual dos últimos anos, o Material 3 Expressive. Pessoalmente sou grande fã desta maior simplicidade do sistema, que traz também o seu quê de maior personalização à inferface da Google.
As animações estão mais fluidas, e as apps da Google têm um novo aspeto. Poderás notar isso inclusivamente em breve no teu Android em apps como o Telefone, os Contactos ou Relógio, já que todas adotam esta nova linguagem. E temos a nova app de Diário.
Tens também novas opções de personalização, como os "Live Effects" para dar uma vida diferente aos teus wallpapers. Mas é claro que onde o Tensor G5 realmente brilha é na Inteligência Artificial, que a Google aposta aí muitas das suas fichas.
A nova funcionalidade Camera Coach, por exemplo, usa o Gemini para te dar dicas de enquadramento em tempo real na câmara. Também na câmara temos o novo Melhor Take automático, que basicamente vai escolher a foto de grupo em que todos ficaram bem de forma automática.
Além de já chegar, como seria de esperar, com Android 16 de fábrica, a Google mantém neste Pixel 10 uma promessa importante. Ao comprares o equipamento sabes que terás 7 anos de atualizações prometidas. Isto significa que terás muitas das novidades do Android em primeira mão até 2032.
Câmara
A grande estrela do Pixel 10 é a sua nova versatilidade fotográfica. Mantém uma câmara principal de 48MP com Macro Focus e conta com uma ultra grande angular de 13 MP com 120.º de campo de visão. Os resultados são bons e consistentes em quase todas as condições, tanto de dia como de noite.






A adição de uma teleobjetiva de 10,8 MP com zoom ótico 5 vezes e Super Res Zoom até 20x muda completamente as regras do jogo. Com este modelo passas a ter a flexibilidade de um sistema para captares grandes planos à distância. Só é pena que o modo retrato não funcione além das 3x zoom. E claro, não esperes o detalhe de sensores com maior resolução.




A câmara frontal de 10,5 MP com focagem automática também garante selfies de boa qualidade. Não terás problemas tanto em videochamadas como na selfie ocasional para as ‘redes’.

No vídeo com a câmara principal conseguimos gravar a 4K a 30 fps com boa qualidade e estabilização, embora aqui a Google ainda não esteja ao nível da qualidade que fornece na fotografia dos seus aparelhos e de alguns rivais. Cumpre, mas não é o melhor do segmento.
Bateria
A bateria de 4970 mAh do Pixel 10 aguentou-se bem para um dia de uso mais intensivo e nota-se uma boa eficiência neste modelo face ao antecessor. O carregamento de 30 W com fios é bem-vindo, mas podia ser mais rápido
Com fios, o equipamento demora cerca de 30 minutos para atingir 55% de carga. A grande novidade é o Pixelsnap, um sistema magnético tipo MagSafe, que está incorporado diretamente no telemóvel, que permite o carregamento sem fios Qi2 a 15W. É simplesmente conveniente e abre a porta também para outros acessórios magnéticos.
Para quem é o Google Pixel 10?
Este telemóvel não é para toda a gente, mas é a escolha ideal para:
- O entusiasta de fotografia que quer a melhor e mais versátil câmara "point-and-shoot" do mercado. A adição da lente teleobjetiva 5x e a magia do software da Google dão-te resultados de topo sem complicações;
- Para quem valoriza uma experiência de software pura, inteligente e duradoura. Se odeias bloatware pré-instalado e queres as mais recentes funcionalidades de IA do Android 16, com a garantia de 7 anos de atualizações, o caminho é este;
- Para quem procura um telemóvel de topo equilibrado e para o dia a dia. Tens um design premium, um ecrã excelente e a nova conveniência do carregamento magnético Pixelsnap, num formato mais compacto e acessível que a versão XL.
Conclusão
O Pixel 10 é o maior salto de sempre para o modelo base da Google. Deixa de ser uma versão mais modesta para se tornar num telemóvel mais completo e competente, que partilha agora algumas das características mais importantes com os seus irmãos Pro.
O preço de 919 € mantém-se e a base de 128 GB de armazenamento é questionável. Vá lá, Google, 256 GB era o mínimo. Mas se procuras a experiência Google mais pura, agora com a versatilidade de uma câmara teleobjetiva e a conveniência do carregamento magnético, o Pixel 10 é uma escolha acertada e muito equilibrada.
Se queres um smartphone que esteja um degrau acima, dá uma olhada na nossa review ao Pixel 10 Pro XL.