Google já não consegue inovar, acusa ex-funcionário, aponta 4 razões

Rui Bacelar
Rui Bacelar
Tempo de leitura: 5 min.

O que levaria um funcionário de longa data a recusar-se a continuar na Google? Que motivos de natureza inilidível terão ditado o seu abandono? Este é o caso de Steve Yegge, engenheiro com 13 anos de experiência na tecnológica norte-americana. Agora, numa controversa carta de despedida, Yegge acusa 4 razões principais. A incapacidade de inovar é apenas uma delas.

"Nós mudamos à medida que vamos envelhecendo", uma pequena citação que pode resumir todo este artigo. Vamos abrandando o ritmo, olhando em redor e contemplando aquilo que o mundo tem para oferecer. Começamos a ver que o mundo não é assim tão puro, tão belo e simples como outrora acreditamos. Afinal, o que é que aconteceu à Google?

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Para além de várias outras razões, este ex-funcionário revela-se grato e ao mesmo tempo acusa a empresa. Acusa-a por exemplo das políticas de policiamento do YouTube, cada vez mais bizarras. O testemunho do ex-funcionário, o engenheiro Steve Yegge não se pauta pelo politicamente correto.

Acaba de deixar a empresa, após 13 anos de trabalho. Deixa-a para se juntar à Grab, um serviço alternativo à Uber, baseado em Singapura. A sua carta de despedida pode ser consultada na íntegra na plataforma Medium. Aponta 4 principais razões para fundamentar a sua decisão. Não foi propriamente simpático.

Ex-funcionário acusa a Google de ser incapaz de inovar

"A principal razão pela qual deixei a Google é porque eles já não conseguem inovar", acusa Yegge. Esta afirmação em jeito de clara acusação é feita a tantas outras empresas. Desde a Apple, até ao Facebook, Twitter e tantas outras empresas que estão (ou estiveram) no cume da inovação, dos avanços e cuja motivação (pelos vistos) era sobretudo inovar. Estimular avanços na tecnologia e trazer novas experiências para os consumidores.

"Gostava bastante da Google, note-se, e sempre soube que ela era essencialmente uma empresa publicitária", avança o ex-funcionário como outras das 4 razões. Com cerca de 90% de todos os seus proveitos (receita) oriunda dos seus vários mecanismos e plataformas de publicidade, a Google mesmo assim será incapaz de inovar. Yegge refere que esta cifra costumava situar-se nos 99%.

4 razões que terão motivado Steve Yegge a abandonar a Google

Por outro lado, a Google tem investido também em novas tecnologias como os Alphabet.

O ex-funcionário, Steve Yegge, mostra-se descontente com a nova ética e direção da Google. Algo que se nota na sua carta de despedida, o tom de acusa é prevalente. "A empresa tornou-se muito conservadora". Refere como outra das razões que o levaram a abandonar a Google.

Aversão ao risco restringe a capacidade de inovar

Aqui, o ex-funcionário refere a constante aversão da Google ao fator de risco. Em todos os projectos inovadores existe sempre um factor de risco.

Algo transversal a todas as empresas de marketing e de publicidade. "Elas querem tirar a maior percentagem de lucro possível, o mais rapidamente possível". Como tal, a aversão ao risco é omnipresente.

Yegge mostra-se ainda cansado da forma como a política, as pressões e os lobby's continuam a interferir com a missão da Google. Sem tocar em questões de esquerda ou direita política, Yegge refere-se ao ambiente de trabalho nos escritórios da Google. Refere-se particularmente às lutas internas entre os departamentos, a burocracia e os atritos internos. Um sintoma comum em grandes empresas. Refere especificamente que está cansado. Acusa este fenómeno de abrandar o bom ritmo de trabalho.

Em seguida, acusa ainda a Google de arrogância. "Demorei alguns anos a perceber que até mesmo empresa, cheia de trabalhadores humildes e indivíduos incríveis pode-se tornar numa empresa arrogante", acusa o ex-funcionário da tecnológica norte-americana.

Incapacidade de inovar, arrogância, aversão ao risco e conservadorismo entre as razões apontadas

"Acredito que outros tenham chegado a essa conclusão mais depressa do que eu. Por vezes, demasiadas vezes, a Google revela-se como uma empresa tão inteligente mas tão inteligente que preferia que tu não estivesses no seu caminho". Acrescenta Steve ao seu rol de razões.

"A empresa pode ser atingida e dominada por uma sensação de invencibilidade, uma quase manifestação de destino. Algo que costuma gerar destinos trágicos", Yegge acusa. Cita ainda a complacência, a perda de contacto com os seus clientes e as lamentáveis decisões estratégicas como mais algumas das razões e sintomas da Google.

Aqui poderíamos até dizer que o ex-funcionário está a ser bastante generoso. Já tantas vezes vimos a Google a não ter a menor ideia daquilo que o consumidor realmente quer. Quando tenta inovar, a empresa lança vários produtos que acabam por ser o oposto daquilo que o cliente pede.

Empresa frequentemente incapaz de perceber que o filho pródigo dos seus engenheiros é, por vezes, um fruto completamente inteligível para o consumidor comum. Aqui bastaria citar a rede social "Google+".

Inovar, ouvir o público e não olhar só para a concorrência, acusa o ex-funcionário

Steve termina uma última acusação. Dura. Aponta o dedo à empresa por estar 100% focada na sua concorrência e não nos seus clientes. Esta terá sido a gota de água para o então funcionário. Acusa a Google de não prestar atenção às pessoas que utilizam os seus produtos e serviços.

Acusa ainda a incapacidade de inovar como causa dos inventivos feitos pela própria estrutura da empresa. Incentivos esses que visam apenas manter um olho na concorrência e um pé no pescoço de quem a desafia. O resultado? Produtos que imitam os da concorrência. Produtos que são o fruto da sua incapacidade de inovar e pura tacanhez.

Duras críticas...não desprovidas das suas razões.

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Rui Bacelar
Rui Bacelar
O Rui ajudou a fundar o 4gnews em 2014 e desde então tornou-se especialista em Android. Para além de já contar com mais de 12 mil conteúdos escritos, também espalhou o seu conhecimento em mais de 300 podcasts e dezenas de vídeos e reviews no canal do YouTube.