Google anuncia avanço inédito na computação quântica com o Sycamore

Rui Bacelar
Rui Bacelar
Tempo de leitura: 3 min.

A Google terá conseguido alcançar uma nova etapa crucial rumo à computação quântica. A tecnológica norte-americana terá solucionado uma das barreiras mais notórias que a impediam de criar um computador quântico, potenciador de sistemas exponencialmente mais poderosos.

Ainda que de momento os computadores quânticos sejam, sobretudo, um milagre teórico, certo é que a cada novo desenvolvimento estamos mais próximos de aproveitar todo o seu potencial.

Teoricamente, estas máquinas providenciarão níveis nunca vistos de computação e poder de processamento, com várias dificuldades técnicas a carecerem de solução até lá.

Computação quântica é um dos maiores desafios atuais da Humanidade

Google Sycamore

Ora, precisamente um dos grandes problemas da computação quântica é a quantidade de erros a que os qubits (o bit quântico, ou qubit é uma unidade de informação quântica) a que a computação quântica está sujeita.

Uma vez que cada qubit só consegue estar numa determinada posição (X, Y, Z) durante breves instantes, o computador tem sérias dificuldades em saber com exatidão qual a posição desse "interruptor" de informação.

Face ao exposto, a quantidade de erros gerados é multiplicada de forma exponencial à medida que aumentam as unidades de processamento, os qubits.

Atualmente, este é um dos maiores entraves à utilidade prática dos computadores quânticos que, apesar de extraordinariamente poderosos, estão aplacados por uma quantidade igualmente exponencial de erros.

Mecanismo de redução de erros representa avanço significativo da Google

Google Sycamore

É aqui que entra o grande anúncio da Google. A tecnológica afirma ter desenvolvido uma forma eficaz para reduzir esta taxa de erros na computação quântica. Fá-lo ao distribuir um estado determinado por vários bits quânticos.

Por outro lado, a Google afirma que este desenvolvimento reduz em 4% a taxa de erros, algo que pode parecer insignificante, mas que no mundo quântico não é bem assim.

Google

Segundo a tecnológica, esta redução de 4% nos erros parece ser um valor suficiente para possibilidade o aumento de número de qubits. Isto sem causar um aumento exponencial na taxa de erros de leitura.

Por outras palavras, permitirá a conceção e execução de sistemas com mais bits quânticos funcionais e dos quais poderemos obter uma utilidade prática e funcional.

Temos um novo processador Google Sycamore

Google Sycamore

Para aplicarem esta redução de erros a Google essencialmente criou um processador de nova geração. Apelidado Sycamore, é pelo seu "músculo" que a Google operará esta redução na taxa de erros na leitura das posições dos bits quânticos.

Ainda que o novo processador e todo o sistema subjacente de otimização sejam excelentes notícias no campo da computação quântica, a Google adota uma postura mais reservada.

Com efeito, a tecnológica afirma que este é um passo importante dado nesta área, mas que ainda há um grande caminho até ser viável construir um computador quântico comercialmente viável. A descoberta é, todavia, deveras assinalável.

Por fim, podemos descrever a computação de modo despudoradamente simplista ao fazer uma comparação com a atual computação e processamento de dados.

Passamos de uma linguagem binária de 1's e 0's, descrevendo os dois estados possíveis, para uma realidade "tridimensional" com X, Y e Z. Ou seja, desbloqueando uma nova potência de possibilidades no processamento de dados. A propósito, veja-se o princípio da incerteza quântica de Heisenberg.

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Rui Bacelar
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O Rui ajudou a fundar o 4gnews em 2014 e desde então tornou-se especialista em Android. Para além de já contar com mais de 12 mil conteúdos escritos, também espalhou o seu conhecimento em mais de 300 podcasts e dezenas de vídeos e reviews no canal do YouTube.