A criminalidade automóvel em Portugal registou uma diminuição significativa nos últimos cinco anos, mas apresenta uma mudança de paradigma em relação aos componentes que os criminosos procuram nos veículos.
Esta mudança passou a ter a tecnologia na mira e pode potencialmente afetar a esmagadora maioria dos modelos de veículos adquiridos na última década em Portugal.
Segundo um comunicado da Polícia de Segurança Pública (PSP) publicado hoje, o furto de componentes de veículo foi aquele que mais ocorrências registou em 2023, seguido pelo furto de veículo e pelo roubo de veículo.
Criminosos procuram mais tecnologia
Os dados da PSP indicam que o furto de componentes de veículo “é um fenómeno com elevada volatilidade”, que pode variar “muito rapidamente em objeto e em número”. Mas o que os criminosos hoje procuram está bem identificado, com os componentes tecnológicos a serem os mais visados.
“Se nas décadas de 1990 e 2000 se circunscrevia aos autorrádios e a jantes, atualmente está mais consubstanciado aos volantes multifunções e às consolas centrais de determinadas marcas e modelos”, refere o comunicado da PSP. A escolha destes componentes é normalmente motivada pela necessidade de substituir volantes que dispararam o sistema de airbag, “dispositivo esse que não é isoladamente reparado ou substituído pelas marcas dos veículos”.
O comunicado avança ainda que existe também “uma grande procura de volantes mais desportivos”, em muitos casos usados para valorizar outros veículos.
Segundo a Polícia de Segurança Pública, os criminosos continuam a preferir o método da quebra do vidro triangular traseiro para conseguir aceder ao interior do automóvel.
Menos furtos nos últimos 5 anos
Em termos globais, a PSP indica que nos últimos cinco anos houve uma diminuição de 27,4% no número de furtos e roubos de veículos em Portugal, com o ano de 2023 a registar uma redução de 9,9% face a 2022.
Os dados foram reunidos desde 2019, ano em que foi criada a Unidade Nacional de Investigação de Criminalidade Automóvel (UNICA).
Por fim, o comunicado da PSP esclarece que a criminalidade automóvel representa 3,04% de toda a criminalidade denunciada em Portugal. No entanto, esta entidade define-a como “um fenómeno de alguma complexidade”, considerado pela Europol “como um dos pilares da criminalidade organizada mais lucrativa, e que frequentemente serve de suporte a outras formas de criminalidade violenta e grave”.