
A ANACOM acaba de lançar os números mais recentes sobre a internet de alta velocidade em Portugal. E os dados do segundo trimestre de 2025 mostram aquilo que podemos chamar de um país a duas velocidades. Isto porque temos uma infraestrutura de topo, mas ainda não a estamos a aproveitar ao máximo.
A grande notícia é que a cobertura de redes de alta velocidade já chega a 95,6% dos lares portugueses. O que significa que 6,2 milhões de casas já podem ter internet rápida.
Fibra manda, velocidade é de topo europeu
A fibra ótica (FTTH) é a grande responsável por esta expansão, estando já disponível em 94,7% das casas. Não é de admirar que, entre os 3,8 milhões de portugueses que têm net de alta velocidade, sete em cada dez já a tenham escolhido.
Esta aposta na fibra reflete-se na velocidade. Em Portugal, 93,1% dos acessos já são de 100 Mbps ou mais, o que nos coloca como o quarto melhor país da União Europeia neste indicador. Quase um terço (29%) dos acessos já é de 1 Gbps ou superior.
A rede existe, mas ninguém liga
Mas é aqui que os números se tornam curiosos. Apesar de a fibra ótica estar disponível em 6,1 milhões de casas, a taxa de utilização real é de apenas 56,7%. Isto significa que quase metade das casas que poderiam ter a melhor tecnologia de internet do país, simplesmente não a subscrevem.
No geral, contando com as redes de cabo, a taxa de utilização sobe para 73,6%. O que ainda assim deixa mais de um quarto das casas "cabladas" sem um serviço ativo de maior qualidade.
As assimetrias do país
Como seria de esperar, o país não avança todo ao mesmo ritmo. As regiões do Centro e do Alentejo continuam com uma cobertura abaixo da média nacional, embora a ANACOM destaque o crescimento nestas zonas como um sinal positivo para a coesão do território. A taxa de adoção da fibra também varia, com a Madeira a apresentar o valor mais baixo (inferior a 40%), enquanto os Açores e a Grande Lisboa estão acima da média nacional.