A Meta iniciou este mês o pagamento das indemnizações aos utilizadores afetados pelas sucessivas fugas de dados no Facebook entre 2007 e 2022. Os valores impressionam, mas infelizmente de forma negativa. Segundo relatos do portal The Verge, os pagamentos variam apenas entre 5 e 38 dólares, valores considerados baixos perante a dimensão do escândalo.
Meta paga 725 milhões de dólares em acordo judicial
Os pagamentos fazem parte de um acordo de privacidade que resultou numa compensação de 725 milhões de dólares (cerca de 613 milhões de euros na cotação atual). O montante foi definido após uma série de processos judiciais contra a empresa de Mark Zuckerberg, que enfrentou acusações de violação de privacidade em diferentes episódios, incluindo o célebre caso Cambridge Analytica.
Embora o valor global impressione, grande parte serviu para custear taxas legais e administrativas. O restante foi destinado à distribuição entre utilizadores elegíveis nos Estados Unidos, que tivessem uma conta ativa no Facebook entre 24 de maio de 2007 e 22 de dezembro de 2022 e que solicitassem a indemnização até agosto de 2023.
Indemnizações entre 5 e 38 dólares
A distribuição está a ser feita em 10 lotes, com os primeiros pagamentos já processados em setembro. Segundo o The Verge, os montantes recebidos variam de 5 dólares (cerca de 4,23 euros) a 38,36 dólares (cerca de 32,45 euros).
O valor depende diretamente do tempo de utilização do Facebook no período considerado. Ou seja, quem recebeu perto dos 38 dólares provavelmente manteve a conta ativa durante todos os 15 anos abrangidos pelo acordo.
Importa reforçar que a compensação só pôde ser solicitada por utilizadores dos EUA, não estando disponível para contas noutros países.
O escândalo Cambridge Analytica
O caso mais conhecido relacionado com estas fugas de dados foi o escândalo Cambridge Analytica, considerado um dos maiores da história da internet.
Tudo começou com um teste de personalidade no Facebook em 2014. O teste exigia acesso a dados pessoais e a API da rede social permitia, na época, que a aplicação recolhesse não só os dados de quem fazia o teste, mas também os de todos os amigos da conta. O resultado foi o acesso não autorizado a informações de 87 milhões de utilizadores.
Esses dados foram entregues à empresa Cambridge Analytica, que os utilizou para criar perfis altamente detalhados de eleitores. O objetivo era segmentar campanhas políticas, incluindo a eleição presidencial de Donald Trump em 2016 e a campanha do Brexit no Reino Unido.
O escândalo foi exposto em 2018 por reportagens do The Guardian e do The New York Times. A repercussão levou Mark Zuckerberg, CEO da Meta, a depor no Congresso dos EUA e no Parlamento Europeu.
Como consequência, o Facebook foi multado em 5 mil milhões de dólares pela Comissão Federal de Comércio (FTC) e teve de aceitar novos acordos de privacidade, incluindo o que agora origina estas indemnizações. Já a Cambridge Analytica declarou falência no mesmo ano e encerrou as operações.
Indemnizações dececionantes
Para os utilizadores que tiveram os seus dados recolhidos e analisados sem a sua permissão e ainda tiveram de esperar tanto tempo para receber a indemnização, os valores pagos são realmente dececionantes e não parecem condizer com a gravidade da situação. Ainda não há informações se os afetados poderão recorrer de alguma forma.
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