A utilização de dados dos utilizadores sem autorização dos mesmos não é prática virgem no Facebook, que já nos habituou a pedidos de desculpa mais ou menos públicos por este tipo de procedimentos.
Desta vez, as acusações sobre a utilização de fotos dos utilizadores sem a sua autorização chegam-nos do outro lado do mundo, da Austrália, onde a Meta é acusada exatamente de usar essas imagens para treinar os seus modelos de Inteligência Artificial. Prática que, de resto, a empresa já assumiu.
Só informações de maiores de 18 anos?
Estes procedimentos foram ontem admitidos pela Global Privacy Director da Meta, Melinda Claybaugh, durante um inquérito no âmbito de uma investigação do Senado australiano.
O site GizChina relata que Claybaugh ainda negou inicialmente que a Meta estaria a usar essas fotos, mas que acabou por admitir que o fazem desde 2007, fotos e textos, desde que os posts não sejam privados.
As declarações da representante da Meta acabam por expor, uma vez mais, um comportamento abusivo por parte da empresa, embora deixem dúvidas quanto ao tipo – e à quantidade – de informações recolhidas. Por exemplo, Melinda Claybaugh afirmou que a empresa não recolhe as informações das contas de pessoas com menos de 18 anos, mas admitiu que as imagens públicas dos seus próprios filhos seriam recolhidas.
Por outro lado, quando questionada sobre o destino dos dados de pessoas que tinham menos de 18 anos quando criaram as suas contas, mas que agora são adultos, a Meta recusou-se a esclarecer.
Escreve o GizChina que esta falta de esclarecimento, sobretudo sobre se esses dados serviram também para a formação de modelos de IA, acabam por deixar uma lacuna na perceção de toda a lógica e do âmbito do processo da recolha de dados.
Diferentes políticas lançam polémica
No artigo que faz eco da investigação australiana à forma como a Meta usa os dados dos utilizadores, a questão da privacidade dos respetivos dados e as diferentes políticas regionais foram também colocadas em causa.
“Na União Europeia, os utilizadores podem optar por ter a sua utilização de dados para a formação de IA. No entanto, a Meta não ofereceu a mesma escolha aos utilizadores australianos, levando à frustração e à preocupação, em vez da clareza.”
Os responsáveis políticos australianos defendem assim a importância de as empresas aplicarem os mesmos padrões de privacidade a todos os utilizadores,~seja qual for a sua localização.
“Os australianos sentem-se agora deixados para trás, perguntando-se por que razão os seus dados têm estado a ser usados – e sem o seu consentimento, enquanto outros na UE tiveram a opção de ficar de fora” - conclui o artigo.