Facebook: a rede social soberana mostra o que é capaz de fazer

Rui Bacelar
Rui Bacelar
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O Facebook não cedeu ao ultimato do governo australiano e baniu as notícias da sua plataforma. Como resultado, várias páginas de órgãos governamentais foram apanhadas na meio do fogo cruzado, privando os cidadãos de fontes habituais de informação.

Afirmando-se como plataforma soberana, a rede social de Mark Zuckerberg não teve pudores em remover do feed de notícias de milhões de australianos todo o conteúdo noticioso. O clima de tensão é visível nas publicações de alguns utilizadores via Twitter.

Os danos colaterais do bloqueio imposto pelo Facebook

Entre as entidades governamentais afetadas temos as páginas dos serviços de incêndio e emergência da Austrália, além do instituto de meteorologia nacional, serviços de saúde, bem como outros braços do aparelho estatal, de acordo com o TheVerge.

A escala dos danos colaterais é difícil de apurar, com diversas páginas a verem o seu conteúdo total ou parcialmente removido. Aliás, o próprio Facebook terá bloqueado a sua página na Austrália, deixando bem claro o tom severo das suas medidas.

Australianos perdem acesso às notícias na rede social

A remoção e bloqueio de publicações visou sobretudo os conteúdos classificados como notícias. Este é o resultado da legislação aprovada pelo Senado australiano, cujo âmbito de aplicação é tal que até as publicações do instituto meteorológico do país são classificadas como divulgação de notícias. Por conseguinte, foram removidas da rede social.

Trata-se de uma medida radical do Facebook que bloqueou todas as agências de notícias do país de modo a não infringir a nova lei recentemente aprovada. A letra da qual, obrigava a rede social a estabelecer acordos com os diversos publishers do país com vista à compensação monetária por exibir o seu conteúdo noticioso.

Fim das partilhas de notícias de fontes estabelecidas no Facebook

No que lhe concerne, a rede social afirma que o governo australiano "não entende a relação entre a rede social e as cadeias de notícias". A empresa de Mark Zuckerberg afirma estar preparada para lançar a plataforma Facebook News com o propósito de agregar as notícias na sua plataforma e repartir as receitas de publicidade apresentada com os órgãos jornalísticos.

Contudo, como faz saber o Facebook no seu blog, face ao caráter impositivo e penalizador da nova lei, a empresa norte-americana não teve outra hipótese que não a remoção de todo o conteúdo legalmente abrangido.

Para as publicações de notícias australianas isto significa que:

  • Estão restringidos de partilhar ou publicar qualquer conteúdo nas páginas de Facebook
  • Os administradores têm acesso às demais funções nas Páginas de Facebook

Para as publicações internacionais:

  • Podem continuar a publicar conteúdo noticioso no Facebook, mas os links e publicações não estarão disponíveis nem serão partilháveis com o público australiano

Para a comunidade de utilizadores australianos:

  • Não poderão ver nem partilhar notícias de fontes australianas, nem internacionais no Facebook, ou conteúdo de cadeias de notícias internacionais e australianas.

Para a comunidade internacional:

  • Não poderão ver ou partilhar conteúdo noticioso de fontes australianas no Facebook, ou conteúdo de páginas de cadeias de notícias da Austrália

O Facebook faz saber que continuará a manter importais centros de informação como o Hub de Informação sobre a COVID-19 na Austrália, entre outros serviços essenciais.

A mensagem, no entanto, é clara. O Facebook é uma plataforma soberana, com independência e vontade própria.

"Esperamos que no futuro o governo australiano reconheça o valor que acrescentamos e venha trabalhar connosco, ao invés de limitar, as nossas parcerias com as publicações", afirma o Facebook no seu blog, operando uma inversão de culpa.

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Rui Bacelar
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O Rui ajudou a fundar o 4gnews em 2014 e desde então tornou-se especialista em Android. Para além de já contar com mais de 12 mil conteúdos escritos, também espalhou o seu conhecimento em mais de 300 podcasts e dezenas de vídeos e reviews no canal do YouTube.