Com mais de 7.200 casos registados de pacientes com febre do Oropouche em todas as suas regiões, o Brasil é um dos países que está a passar por um surto do vírus, cuja origem data de 1955, numa vila conhecida como Oropouche, em Trinidad e Tobago (Caribe). Agora, o Centro Europeu de Prevenção e Controle das Doenças (ECDC) confirmou que já tem registo de 19 casos da doença em 3 países da Europa.
Até o momento, as infeções foram em Espanha, Itália e Alemanha, e os registos foram feitos desde maio, o que indica uma incidência bem baixa do vírus. Além disso, a ECDC acalma a população europeia ao destacar que não foi detetado nenhum caso de transmissão comunitária e que o agente infecioso, o mosquito Culicoides paraensis, ainda não circula ativamente pelo continente.
Ainda não há motivos de preocupação com a doença na Europa
Ao todo, até o momento, foram registados 12 casos de febre do Oropouche em Espanha, 5 casos em Itália e 2 casos em Alemanha. De acordo com o ECDC, a maioria dos pacientes tinha histórico de viagem recente para o Brasil ou para Cuba, países onde devem ter contraído o vírus Oropouche orthobunyavirus (OROV).
"O prognóstico de recuperação é bom e os resultados fatais são extremamente raros”, declarou o ECDC sobre a doença no geral. Na Europa não houve fatalidades, enquanto no Brasil há registo de 3 falecimentos por causa da doença.
O ECDC classifica como “moderado” o risco de infeção pelo vírus Oropouche para os europeus e residentes que viajarem para áreas endémicas da doença nas Américas. Mesmo no Brasil, a maior incidência está na região Norte do país, próximo à região Amazónica. Nesta região, os órgãos de saúde recomendam a utilização de repelentes, roupas com mangas e outros cuidados.
"O principal vetor [da doença],o mosquito Culicoides paraensis, é amplamente distribuído nas Américas, mas ausente na Europa. Até o momento, não há evidências sobre mosquitos europeus que possam transmitir o vírus”, pontuou o ECDC.
Assim como outras doenças transmitida por mosquitos nas Américas, como a dengue, é pouco provável que o mosquito transmissor da febre de Oropouche chegue de facto à Europa. Além disso, caso aconteça, as hipóteses de sobrevivência podem ser mínimas, dadas as diferenças climáticas.
Sintomas e cuidados
Apesar da pouca probabilidade de a doença se espalhar pela Europa, dada a ausência do mosquito que a transmite, os médicos indicam saber os sintomas. Desta forma, os paciente podem tomar cuidados e procurarem ajuda, visto que ainda não há vacina e remédios específicos para o tratamento.
Até o momento, febre alta, vómito, dores musculares e nas articulações e, em alguns casos, feridas na pele, são os principais sintomas. Nos casos da presença desses sintomas, é indicado procurar ajuda médica.
De acordo com a revista The Lancet Infectious Diseases, o primeiro caso conhecido do vírus é de 1955. Desde então, o patogénico circula de forma limitada por áreas florestais nas Américas, mas sem ter registado nenhum surto até agora. As mudanças climáticas, o desmatamento e as alterações na forma de ocupação das terras podem estar entre os fatores que causaram o início do surto.