Várias pessoas têm diabetes e a Ciência tem-nos vindo a provar que esta condição de saúde também pode ser provocada pelos hábitos no quotidiano. Recentemente, foi feito um estudo na Suécia, no Instituto Karolinska, que analisou trabalhadores entre os 30 e os 60 anos e os seus respetivos trabalhos em 2005.
De acordo com a New Atlas, foram apenas incluídos na amostra em estudo aqueles que não tinham diabetes antes de 2005. Na análise científica, os pesquisadores tiveram em conta trabalhos que envolvem três coisas: contacto geral com outras pessoas, exigência emocional causada pelo contacto com pessoas que têm problemas de saúde ou outros, e o confronto com outras pessoas no local de trabalho.
Os trabalhos mais propensos a gerar este tipo de problema
No lote dos setores que aceleram mais este tipo de problema, o estudo destaca aqueles que trabalham na área da saúde, educação, serviços, hotelaria, assistência social, direito, segurança e transporte.
Ainda assim, dentro deste grupo, os que mais se arriscam a desenvolver diabetes são os motoristas profissionais, operários de fábrica e empregados de limpeza, com base no estudo. Segundo a New Atlas, estes têm uma probabilidade 3x maior de gerar esta doença do que professores ou fisioterapeutas, por exemplo.
O novo estudo tem ainda em conta a origem socioeconómica. Sem surpresa, quem é de um estrato social mais baixo tende a contrair mais vezes diabetes. O estudo diz ainda que, de 2006 a 2020, na Suécia, 216.640 pessoas desenvolveram diabetes tipo 2. Destes, 60% eram homens.
A pesquisa concluiu ainda que o risco era 20% maior para os homens e 24% maior para as mulheres que tinham grandes cargas de trabalho e de muita exigência. Ao acrescentar os conflitos frequentes, o risco aumentou ainda mais: 15% para homens e 20% para mulheres.
Um dos dados mais relevantes que a investigação do Instituto Karolinska realça tem a ver com as mulheres. Supostamente, mulheres com empregos exigentes emocionalmente, muita interação com pessoas e pouco apoio social têm 47% mais chances de desenvolver diabetes.
A explicação para o aumento do risco
Faz sentido que uma vida mais agitada seja pior para a saúde, de uma maneira geral. Mas neste caso, porquê ao certo? Na tentativa de responder à questão, os investigadores suecos colocam uma hipótese provável.
"Os mecanismos biológicos subjacentes à associação entre trabalho pessoal e diabetes tipo 2 podem envolver respostas biológicas ao stress recorrente e crónico que afeta o sistema neuroendócrino pela ativação do sistema nervoso simpático central e do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, levando à produção excessiva de cortisol, aumento da resistência à insulina e diminuição da secreção e sensibilidade à insulina" - referem.
Citados pelo mesmo meio noticioso, acrescentam ainda: "além disso, o stress crónico pode aumentar as citocinas pró-inflamatórias, que prejudicam a sinalização e o funcionamento da insulina. Com apoio social insuficiente no trabalho, o stress no trabalho pessoal pode ser agravado e exercer um impacto maior sobre essas alterações biológicas".
Uma das grandes conclusões desta pesquisa tem a ver com a ligação direta e causal entre stress no trabalho e diabetes. Quando este stress se associa a falta de apoio social no trabalho, as probabilidades de ter diabetes tendem a aumentar.
Contudo, o estudo deixa em aberto futuras abordagens sobre alguns mecanismos que o corpo adota nestes cenários, bem como estratégias que possam ser implementadas para prevenir.