E agora? O que vai fazer Julian Assange depois de ser libertado?

Pedro Alves
Pedro Alves
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Julian Assange, o fundador do site WikiLeaks, já saiu da prisão de segurança máxima de Belmarsh, no Reino Unido, onde desde 2019 aguardava pelo desfecho do processo de extradição para os EUA.

Segundo a BBC, Assange foi libertado sob fiança pelo Supremo Tribunal de Londres esta segunda-feira, após chegar a um acordo de delação com a justiça norte-americana. Ao declarar-se culpado de uma única acusação sob a Lei de Espionagem dos EUA, o fundador do WikiLeaks vê as autoridades dos Estados Unidos deixarem cair as restantes 17 acusações, incluindo de espionagem relacionadas com a publicação no WikiLeaks de documentos governamentais classificados em 2010 e 2011, invasão de computadores e por conspirar para invadir uma rede de computadores do Pentágono.

Com base neste acordo, o fundador do WikiLeaks recebe uma sentença de 62 meses, já cumpridos na prisão de Belmarsh.

Julian Assange recebeu apoio para a sua libertação durante mais de uma década
Imagem: Pexels

Destino: uma ilha no meio do Pacífico

A liberdade total de Julian Assange está dependente da aceitação da sua confissão por parte de um juiz no tribunal federal dos EUA, localizado nas Ilhas Marianas - um território no Noroeste do Pacífico, sob administração norte-americana -, escolhido por Assange pela ‘proximidade’ com a Austrália - o seu país Natal. Caso a sua confissão seja aceite, regressa à Austrália, totalmente livre.

Na rede social X, a página do WikiLeaks publicou esta declaração: “Este é o resultado de uma campanha global que abrangeu ativistas de base, defensores da liberdade de imprensa, legisladores e líderes de todo o espectro político, até às Nações Unidas. Isto criou espaço para um longo período de negociações com o Departamento de Justiça dos EUA, conduzindo a um acordo que ainda não foi formalmente finalizado. Forneceremos mais informações o mais breve possível.”

O mesmo texto lembra ainda que “o WikiLeaks publicou histórias inovadoras sobre corrupção governamental e abusos aos direitos humanos, responsabilizando os poderosos pelas suas ações. Como editor-chefe, Julian pagou um preço alto por esses princípios, em prol do direito das pessoas à informação.”

12 anos de escândalos... globais

O caso de Julian Assange teve início em 2010, quando este jornalista, editor e fundador do site WikiLeaks publicou parte dos 750 mil documentos confidenciais do Governo dos EUA entregues pela ativista e whistleblower Chelsea Manning.

Assange passou vários anos como refugiado na Embaixada do Equador em Londres, de forma a evitar a sua extradição para a Suécia, onde enfrentava acusações de agressão sexual. Apesar dessas acusações terem sido retiradas, o Equador revogou a situação de asilo do fundador do WikiLeaks, que viria assim a ser detido pelas autoridades britânicas, em 2019.

Pedro Alves
Pedro Alves
À paixão da escrita juntou a da Tecnologia e fez disso profissão durante duas décadas.