No final de um dia longo, nada como fechar os olhos e usufruir de uma noite reparadora de sono. Afinal de contas, tendemos a crer que dormir elimina as toxinas no cérebro. O problema é que, pelos vistos, pode não ser propriamente como imaginávamos.
A ciência continua a avançar e uma pesquisa recente diz que esta crença pode estar errada. Num teste feito com ratos, os investigadores descobriram que os fluidos no cérebro foram sendo reduzidos com o sono.
Os ratos eliminam as toxinas durante o sono a um ritmo 30% inferior
Como refere o The Guardian, os cientistas utilizaram um corante fluorescente para tentar entender o funcionamento do cérebro dos ratos. Desta forma, conseguiram analisar a rapidez com que os fluidos se mexiam dentro do cérebro.
Isso fez com que os pesquisadores entendessem os níveis de eliminação desse mesmo corante. Os resultados indicam que a taxa de remoção das impurezas desceu 30% nos ratos que dormiam e 50% nos ratos anestesiados.
No sentido contrário, o estudo constata que os ratos acordados conseguem reduzir muito mais facilmente as impurezas. Para os cientistas, uma vida ativa estimula a eliminação de toxinas.
Estes números vão contra tudo aquilo que se acreditava. Como refere Nick Franks, autor do estudo, os resultados são bastante surpreendentes face ao que seria expectável.
Posto isto, será que essa mesma condição se aplica em seres humanos? No entender dos investigadores, é bem possível que sim. Vistas bem as coisas, sendo ambos mamíferos, é previsível que a situação seja idêntica.
Apesar dos resultados, os cientistas acreditam que o sono é importante
Ainda assim, isto não quer dizer, de maneira nenhuma, que o sono não é importante. Quem o considera é o professor Bill Wisden, co-autor do artigo, que acredita que os resultados não invalidam isso mesmo.
“Existem muitas teorias sobre por que dormimos, e embora tenhamos demonstrado que a eliminação de toxinas pode não ser uma razão chave, não se pode contestar que o sono é importante” - observa o próprio, citado pela mesma fonte.
Embora os estudos tenham sido feitos com ratos, isto faz levantar o véu sobre algumas relações que se estabelecem com outras doenças. Recorde-se que, não raras vezes, se associa a má qualidade do sono a casos de Alzheimer.
Estes números podem fazer a ciência refletir se, afinal, há mesmo uma relação direta ou não. Importa destacar que, neste momento, não há nenhuma conclusão científica sobre isso mesmo.
De qualquer modo, Wisden destaca que, efetivamente, a má qualidade de sono tende a ser um sintoma de várias pessoas com demência. O problema é que isso apenas levanta outra questão: será isso causa ou consequência?
Para o próprio, a resposta não é simples. Este coloca, ainda, a possibilidade do sono ser fundamental para evitar doenças, mas por outros motivos que não a eliminação de toxinas.