
A ideia de trabalhar das 9h às 17h está a tornar-se uma relíquia. Segundo uma nova análise da Microsoft, o “dia de trabalho infinito” já é uma realidade para muitos trabalhadores de escritório.
Com mensagens a chegar fora de horas e e-mails a aparecer ao pequeno-almoço, o trabalho moderno deixou de ter início ou fim definidos e está a invadir o tempo de concentração, as noites e até os fins-de-semana.
Começa mais cedo, acaba mais tarde — e sem parar a meio
A análise baseia-se em dados reais do Microsoft 365, e revela um cenário cada vez mais comum: 40% dos utilizadores já estão online e a ler e-mails às 6h da manhã. O número não surpreende se tivermos em conta que o trabalhador médio recebe, por dia, 117 e-mails e 153 mensagens no Teams.
Mas mesmo durante o tradicional horário laboral das 9h às 17h, o foco é difícil de manter. A maioria das reuniões (57%) são marcadas em cima da hora, sem aviso no calendário. E, em média, os funcionários só conseguem 2 minutos de concentração antes de serem interrompidos por uma notificação, uma chamada ou outro compromisso.
O horário nobre da produtividade está sob ataque
A Microsoft não tem dúvidas: “as reuniões sequestram o horário nobre de foco”. Os períodos entre as 9h e as 11h e entre as 13h e as 15h, apontados por várias pesquisas como os mais produtivos do dia, são também ocupados por 50% das reuniões.
O resultado? Cada vez mais tarefas exigentes acabam empurradas para fora do horário habitual.
O dia de trabalho não termina às 17h
Quando o relógio marca o “fim do expediente”, o trabalho continua. Segundo os dados da Microsoft, 29% dos utilizadores ativos voltam a verificar e-mails por volta das 22h. E, todos os dias, um trabalhador médio envia ou recebe 50 mensagens do Teams fora do horário laboral.
O fenómeno está a crescer: só no último ano, as reuniões noturnas aumentaram 16%, e 20% dos funcionários registados continuam a trabalhar ao fim-de-semana. O fim do dia útil está, literalmente, a desaparecer.
“Trabalho infinito” e o caos organizado
À medida que as exigências aumentam e os processos se tornam mais complexos, o tempo antes dedicado ao foco ou à recuperação está a ser consumido por tarefas de preparação, alinhamento ou resposta urgente. O resultado é um ciclo contínuo de atividades que raramente permite parar.
A Microsoft descreve o cenário com uma metáfora clara:
"É o equivalente profissional de precisar montar uma bicicleta antes de cada passeio. Muita energia é gasta a organizar o caos antes que um trabalho significativo possa começar", aponta a empresa.
A promessa de flexibilidade digital está a transformar-se numa rotina sem fronteiras. E, se a tendência se mantiver, desligar do trabalho pode vir a ser um luxo ou uma habilidade a reaprender.
“Os nossos dados apontam para uma verdade maior: para muitos, o dia de trabalho moderno não tem um começo ou fim claros”, destacou a Microsoft.