
Parece ficção científica, mas está mesmo a acontecer: uma startup do Texas está a trabalhar num jato hipersónico que pode fazer Nova Iorque–Paris em apenas 55 minutos. O plano é que este tipo de viagem se torne possível até ao início da próxima década. E a peça-chave é um motor revolucionário, já testado com sucesso nos céus norte-americanos.
Se isto avançar como prometido, a forma como voamos pode mudar para sempre. E a Venus Aerospace quer liderar essa transformação.
Um motor hipersónico que já provou do que é capaz
A Venus Aerospace é a empresa de aviação por trás do projeto e acaba de realizar um voo de teste bem-sucedido com um novo motor chamado Motor de Foguetão de Detonação Rotativa (RDRE, na sigla em inglês).
Segundo a empresa, este tipo de propulsor tem vantagens claras sobre os motores de foguetão tradicionais: mais eficiência, maior compacidade e escalabilidade para uso militar e comercial.
“Comparados com os motores de foguetão tradicionais, os RDRE oferecem maior eficiência e compacidade, tornando-os particularmente adequados para aplicações aeroespaciais avançadas”, explicou a Venus Aerospace.
De acordo com a empresa, o motor foi concebido para ser acessível e escalável tanto para sistemas de defesa como para uso comercial, incluindo veículos futuros que poderiam transportar passageiros de Los Angeles a Tóquio em menos de 2 horas.
O projeto Stargazer e voos até Mach 9

A ideia é aplicar este motor ao Stargazer, o primeiro avião hipersónico reutilizável da Terra, segundo a empresa. Este jato poderá voar a velocidades de Mach 4 — o equivalente a cerca de 110.000 km/h — e, no futuro, até Mach 9. Para referência, isso significa atravessar 8.000 km em menos de duas horas.
Num vídeo no YouTube, a empresa detalha o funcionamento: o avião descolará de um aeroporto convencional com motores a jato e, ao afastar-se das zonas urbanas, o motor hipersónico será ativado. Resultado? Viagens como São Francisco–Japão ou Houston–Londres feitas em duas horas.
A NASA já está atenta (e os EUA também)

A Venus não está sozinha nesta corrida. A NASA, por exemplo, está a desenvolver a aeronave supersónica silenciosa X-59, enquanto o governo dos EUA avalia a possibilidade de trazer de volta os voos comerciais supersónicos, algo que não acontece há 52 anos.
Ou seja, o momento é mais do que favorável para empresas como a Venus Aerospace. E os progressos recentes mostram que esta startup está longe de ser apenas mais um sonho no papel.
E agora?
Se tudo correr como planeado, poderemos ver o Stargazer em ação já no início da década de 2030. Ainda falta algum tempo, sim. Mas se fores do tipo impaciente, talvez queiras começar a sonhar: em breve, um voo de Lisboa para Tóquio pode demorar menos do que esperar na fila do embarque.