Atualmente, o YouTube figura como o serviço de streaming mais popular nas televisões dos Estados Unidos, sucesso que já vem alcançando também em outros países. Mas como a plataforma inicialmente conhecida por vídeos virais superou os serviços de streamings que um dia tentou emular? Como o YouTube mantém-se como concorrência também para redes sociais e canais de TV?
O sucesso absurdo do YouTube na TV
Segundo Neal Mohan, presidente-executivo do YouTube, 150 milhões de pessoas nos Estados Unidos assistem ao YouTube na televisão todo o mês. E os conteúdos assistidos são os mesmos vistos nos smartphones. Vídeo de músicas, as acrobacias do Mr. Beast e até mesmo vídeos verticais no estilo TikTok chamados Shorts.
No país, o YouTube liderou a lista de tempo de streaming na TV por 17 meses consecutivos, de acordo com dados da Nielsen, que rastreia a audiência da TV. Em junho deste ano, a participação da plataforma disparou para 9,9%, o que bateu um recorde para qualquer plataforma de streaming.
Os números ficam ainda mais impressionantes se considerarmos que eles não incluem os espetadores que assistem pelo telemóvel, pelo tablet, pelo computador ou mesmo pela aplicação do YouTube TV.
"Uma televisão refeita para uma nova geração”
Foi durante a pandemia, com as pessoas presas em casa, que a audiência do YouTube nas TVs começou a aumentar. Mas a tendência continuou. O interesse por uma experiência de TV mais descontraída e uma parece ter conquistado diferentes públicos, conforme analisou o The New York Times.
Para Neal Mohan, presidente-executivo do YouTube, a lição mais importante que o YouTube teve nos últimos anos foi a de deixar as decisões de conteúdo com os criadores.
“Os criadores do Qur são muito melhores em prever o que nossos fãs e públicos querem. Esta é uma televisão refeita para uma nova geração”, afirmou em entrevista ao NYT.
Não é à toa que o desempenho da plataforma entre os espetadores jovens tem crescido bastante. De acordo com os dados da Nielsen, cerca de 48% de sua audiência na TV era de pessoas com menos de 34 anos.
A variedade de conteúdos e o facto de o YouTube ser global também fez com que a plataforma ganhasse força entre lares negros, asiáticos, hispânicos e de língua espanhola, com essas comunidades encontrando conteúdos no YouTube que não encontram na televisão dos Estados Unidos.
“É tão amplo — é isso que está impulsionando a sua força. Há algo para cada demografia e cada raça e etnia, o tempo todo”, disse Brian Fuhrer, vice-presidente sénior de estratégia de produtos da Nielsen.
A liberdade criativa que o YouTube cede aos seus criadores, por sua vez, atrai cada vez mais pessoas. Os produtores de conteúdo não estão presos às exigências de emissoras e estúdios ou mesmo obrigações contratuais.
Investimentos menores, sucesso similar
Não há como negar que o Google faz grandes investimentos no YouTube. Atualmente, a plataforma de vídeos tem o modelo Shorts, para concorrer com o TikTok e os Reels do Instagram, enquanto segue com o formato habitual de vídeos mais longos, mas também conta com o YouTube Music e o YouTube Studio.
Ainda assim, no que concerne aos conteúdos que representam concorrência aos grandes canais de televisão e aos streamings de séries e filmes, os investimentos do YouTube são significativamente menores. Enquanto a Netflix gasta US$ 17 bilhões por ano em novas séries e filmes, como reportou o The New York Times, o YouTube tem criadores de conteúdos independentes a produzir material.
Sim, se o vídeo faz muito sucesso e acumula visualizações e dólares de anúncios, o YouTube envia aos criadores 55% dessa receita. Mas se o vídeo fracassa, a plataforma não perde dinheiro algum. Ao todo, o YouTube pagou US$ 70 mil milhões aos criadores e parceiros nos últimos 3 anos, mas sempre após obter um lucro similar para si mesmo sem assumir riscos financeiros.