Cientistas "viajam no tempo" para saber a idade de duna enigmática

Luís Guedes
Luís Guedes
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De acordo com o The Guardian, os cientistas descobriram a idade de uma duna estelar, em Marrocos, chamada Lala Lallia. Para além destas estruturas existirem em desertos da Terra, também existem, por exemplo, em Marte, e até mesmo em Saturno.

Posto isto, os cientistas esperam ter descoberto especificações acerca deste tipo de dunas. Nas palavras do professor Geoff Duller, da Universidade de Aberystwyth, no País de Gales, “do chão parecem pirâmides, mas do ar vê-se um pico que irradia em três ou quatro direções os braços que os fazem parecer estrelas” (via The Guardian).

A duna tem 100 metros de altura e 700 metros de largura

Dunas
Imagem Ilustrativa (via Pexels)

Para estudar este mistério natural, a equipa deslocou-se até ao sudeste de Marrocos, com o fito de estudar esta duna de 100 metros de altura e 700 metros de largura. Ao analisar, houve algo que deixou os cientistas curiosos: a base tinha cerca de 13 mil anos e a parte superior deveria ter à volta de mil anos. Demasiado “jovem” para o que esperavam.

Na tentativa de explicar o fenómeno, os cientistas acreditam que a base cresceu até cerca de 9000 anos atrás. A partir daí, a superfície ter-se-á estabilizado. Como os próprios referem, observam-se vestígios de raízes de plantas antigas, o que faz supor que a duna terá sido estabilizada pela vegetação. Depois, para a formação da duna estelar, os cientistas acreditam que esta se possa ter formado devido a mudanças de clima.

O que significa isto, na prática? Tal como refere o professor Duller, a duna formou-se, dado que o vento soprava em duas direções diferentes, o que faz com que a areia se acumule. Para além disso, Duller acrescenta a possibilidade de haver um “terceiro vento”, que sopra de leste para oeste e que move a duna cerca de 50 centímetros por ano. Complexo, mas ao mesmo tempo fascinante, certo?

Para estudar a idade dos grãos de areia, usa-se datação por luminescência

Ainda assim, pode surgir uma questão: afinal, como é que se descobre a idade dos grãos de areia? Como refere o The Guardian, os estudiosos de Aberystwyth utilizam técnicas de datação por luminescência, que conseguem apurar qual o último momento em que os minerais de areia estiveram expostos à luz solar.

Sobre o assunto, Duller acrescenta que o objetivo não é propriamente saber quando é que a areia se formou, mas sim quando se depositou. O próprio acrescenta, também, que os grãos de quartzo “têm a propriedade de uma mini bateria recarregável” (via The Guardian).

De acordo com os cientistas, estes podem acumular energia obtida através de radioatividade natural. Depois, ao levá-los ao laboratório, torna-se possível, através do brilho, estimar a última vez que os mesmos estiveram sujeitos a luz.

Dunas Cientista
Imagem Ilustrativa (via Pexels)

A areia é recolhida, através da abertura de buracos nas dunas

Como se a operação já não fosse complexa o suficiente, os cientistas ainda precisam de recolher os grãos de areia, numa fase inicial, sem os expor à luz. Como se faz isso? À luz do que é referido pela mesma fonte de informação, é possível abrindo buracos nas dunas e “martelando um velho pedaço de cano de esgoto para coletar as amostras”.

Parece que a ciência continua a evoluir e a mais recente descoberta relaciona-se com as “misteriosas” dunas de Marrocos. De qualquer modo, recorde-se que estas não são caso isolado. Também existem estruturas idênticas na Namíbia, na Arábia Saudita, ou até na Argélia. Contudo, tal como refere o Público, as maiores são mesmo no deserto de Baidan Jaran, na China.

Luís Guedes
Luís Guedes
É apaixonado pela escrita. Desde tecnologia, a entretenimento, passando sempre pela música e pelos livros, o Luís é fascinado por tornar o complexo em simples e o simples em ainda mais simples.