A água existe em Marte, segundo uma equipa de geofísicos, e não apenas sob a forma de gelo nos pólos ou de vapor na atmosfera. Os cientistas encontraram provas da existência de água líquida nas profundezas da crosta exterior do planeta, com base na análise dos dados fornecidos pelo Mars Insight Lander da NASA.
Estudos feitos através de atividade sísmica
Especificamente, estes analisaram quatro anos de movimentos do solo registados pelo sismómetro do módulo de aterragem. Ao analisar as velocidades sísmicas, ou a rapidez com que as ondas sísmicas viajam no planeta, conseguiram determinar os materiais que as ondas atravessaram. O que descobriram foi que a crosta média de Marte tem rochas ígneas fraturadas e saturadas de água líquida.
Um dos cientistas envolvidos no estudo, o professor Michael Manga, da Universidade da Califórnia em Berkeley, disse à BBC que implementaram as mesmas técnicas utilizadas "para prospetar água na Terra, ou para procurar petróleo e gás". Michael disse que os resultados do seu grupo podem responder à questão de saber para onde foi toda a água de Marte, uma vez que as caraterísticas da superfície do planeta mostram que este tinha lagos e rios há cerca de três mil milhões de anos.
Embora haja uma teoria de que a maior parte dessa água se perdeu no espaço, os cientistas têm contestado essa ideia nos últimos anos. Um estudo do Caltech e do JPL da NASA, publicado em 2021, encontrou dados que indicam que a maior parte dessa água ainda está presa na crosta do planeta.
Os cientistas envolvidos neste novo estudo, publicado na PNAS, só puderam analisar os dados de velocidade sísmica recolhidos por baixo do módulo de aterragem. No entanto, acreditam que existem reservatórios de água subterrâneos semelhantes em todo o planeta e estimam que há água líquida suficiente sob a superfície para formar uma camada de meio quilómetro de profundidade em Marte. Manga disse à BBC que "grande parte da nossa água é subterrânea e não há razão para que não seja o caso em Marte também".