Chat GPT: investigadores enganam professores universitários com exames gerados por IA

Pedro Alves
Pedro Alves
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A utilização de plataformas de Inteligência Artificial Generativa por parte dos estudantes há muito que se tornou num verdadeiro jogo do gato e do rato.

Seja no secundário, na universidade ou em pós-graduações, para realizar trabalhos ou fazer exames em modo remoto, os alunos tentam encontrar formas cada vez mais dissimuladas de usar estas ferramentas para lhes facilitar o trabalho, enquanto os professores estão em alerta crescente para detetar estes tipos de conteúdos.

No entanto, a Inteligência Artificial parece estar a tomar a dianteira e poderá mesmo levar a que muitas universidades e professores comecem a limitar a utilização destas ferramentas.

Investigadores enganam professores universitários com exames feitos com IA
Imagem: Pexels

IA com melhores resultados

Num projeto realizado na Universidade de Reading, em Inglaterra, investigadores conseguiram enganar os seus professores universitários ao entregar as respostas de exames geradas por IA, de forma totalmente secreta. As notas obtidas foram melhores do que as notas dos estudantes reais.

Para o conseguir, os investigadores criaram identidades falsas de estudantes para submeter as respostas do ChatGPT-4 não editadas, participando em modo remoto nos exames de vários Cursos Superiores.

Das 33 respostas recebidas, os professores responsáveis pelas avaliações assinalaram apenas uma, atribuindo notas acima da média às restantes.

Um alerta para todas as universidades

De acordo com o diário britânico The Guardian, este foi “o maior e mais robusto estudo cego do género realizado até agora e teve como objetivo investigar se os professores humanos conseguem detetar respostas geradas por AI.

O estudo concluiu que “com base nas tendências atuais, a capacidade da IA de demonstrar raciocínio mais abstrato aumentará e a sua detetabilidade diminuirá, o que significa que o problema da integridade académica se agravará”.

“O nosso estudo mostra que é de importância internacional compreender como a Inteligência Artificial poderá afetar a integridade das avaliações na educação” afirmou o Dr. Peter Scarfe, um dos autores do estudo e professor associado da Universidade de Reading.

O mesmo académico defendeu que não será necessariamente um regresso completo ais exames escritos à mão, "mas o setor da educação a nível global terá de evoluir face à IA”.

Especialistas que analisaram o estudo afirmaram ao The Guardian que isto poderá representar o fim dos exames feitos em casa ou dos trabalhos não supervisionados. Alertaram, por isso, para a necessidade de as instituições posicionarem a IA como ferramentas de apoio e de transmitirem essa lógica aos alunos.

Sob pena de estarmos a criar uma geração incapaz de se envolver em pensamento sério e análise.

Pedro Alves
Pedro Alves
À paixão da escrita juntou a da Tecnologia e fez disso profissão durante duas décadas.