Apesar das discussões sobre o verdadeiro papel da indústria dos carros elétricos na redução das emissões dos chamados gases de estufa, continuam a surgir estudos que confirmam os benefícios dos VE para o ar que se respira nas cidades.
É o caso do Estado da Califórnia e da cidade de Nova Iorque, em relação aos quais informações recentes revelam uma diminuição significativa nas emissões de CO2 conseguida com a adoção de veículos elétricos. No caso da Califórnia os dados são transversais a vários setores de atividade; em Nova Iorque foi o setor dos transportes que ditou grande parte das melhorias registadas.
Menos 2,2 milhões de automóveis a gasolina nas estradas
O relatório relativo às emissões de CO2 na Califórnia foi realizado pelo California Air Resources Board (CARB), a entidade governamental responsável pela promoção e aprovação de programas de energia limpa naquele estado norte-americano.
A CARB teve como base legal um regulamento aprovado em 2004 para reduzir as emissões dos transportes – na altura as primeiras normas relativas a emissões de gases com efeito de estufa do país. Esta entidade refere que os dados do relatório agora apresentado (a divulgação oficial foi feita dia 20 de setembro) acabam por ser resultado da aplicação dessas medidas.
Em termos práticos, as conclusões indicam que os automóveis elétricos ajudaram a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 9,3 milhões de toneladas métricas em 2022, o que correspondeu a uma redução de 2,4% comparada com as emissões registadas no ano anterior.
Esta redução, de resto, foi o equivalente a retirar 2,2 milhões de automóveis a gasolina das estradas da Califórnia num único ano. Para estes resultados o CARB explica que a maior contribuição chegou exatamente do sector dos transportes, uma vez que a Califórnia é um dos Estados com maior taxa de adoção de VE nos EUA.
O relatório destaca também a importância das chamadas energias limpas para esta redução, nomeadamente a produção de energia eólica e solar, que representam cerca de 30% da produção energética da Califórnia.
‘Yellow Cabs’ e ‘Ubers’ no centro da mudança
Do outro lado do continente norte-americano, na cidade de Nova Iorque, os dados sobre a redução das emissões de CO2 chegam através da Taxi and Limousine Commission (TLC).
A agência a quem cabe o licenciamento e a regulamentação dos veículos de aluguer e transporte, como é o caso dos Yellow Cabs, Uber e veículos para serviços especiais, referiu que a frota de veículos de aluguer cada vez mais elétrica está a ajudar a reduzir as emissões de CO2.
De acordo com informações do site InsideEV, a TLC especifica que durante 2024 a utilização de carros elétricos nestes tipos de transporte foram responsáveis por 14 milhões de viagens com emissões zero, ajudando a cidade de Nova Iorque a reduzir as emissões de 19,000 toneladas métricas de CO2, disse o TLC.
Para atingir estes números, no entanto, as autoridades tiveram de aprovar medidas para inverter as dificuldades sentidas pelos donos de veículos elétricos neste setor dos transportes.
O InsideEV conta que muitos profissionais tinham incentivos para adotar VE, mas deparavam-se depois com uma infraestrutura de carregamento rápido insuficiente, chegando a aguardar mais de 90 minutos para carregar a bateria do seu automóvel.
A solução chegou com o aumento do número de postos de carregamento rápido - de 169 para 236 em junho de 2024 -, mas também através do levantamento dos limites ao número de licenças atribuídas para carros elétricos a operar como fornecedores de serviços de transporte. O resultado foram milhares pedidos feitos à TLC por condutores de veículos elétricos que compraram sobretudo Teslas (Model Y e Model 3), Polestar 2 e Toyota bZ4X.
A aposta da cidade de Nova Iorque para reduzir ainda mais as emissões de CO2 a partir dos serviços individuais de transportes e de transportes a pedido passa para a eletrificação total dos veículos de aluguer usados.
Em outubro passado, a cidade de Nova Iorque anunciou planos para eletrificar totalmente os seus veículos de aluguer, como os carros operados pela Uber, Lyft e os Yellow Cabs, até 2030.