Depois de décadas a funcionar como um simples editor de texto plano, o Bloco de Notas do Windows 11 vai mesmo receber suporte para formatação. A Microsoft anunciou que a aplicação vai permitir negrito, itálico, títulos, listas e até hiperligações. Com certeza um salto inesperado para um dos programas mais antigos e minimalistas do sistema operativo.
Um programa antigo com vida nova

As novidades foram confirmadas num post oficial no blog da Microsoft, revelando que os novos recursos já estão a ser disponibilizados para os Windows Insiders nos canais Canary e Dev, através da versão 11.2504.50.0 do Bloco de Notas.
A empresa esclarece que a implementação é feita com base em sintaxe markdown — ou seja, é leve, rápida e (em teoria) pouco intrusiva. E, para quem não quiser saber da formatação para nada, pode simplesmente desligá-la nas definições.
Apesar de sempre ter sido visto como um editor leve, direto ao assunto, o Bloco de Notas já vem a receber melhorias discretas nos últimos anos. Em 2021, ganhou um redesenho com a estética Fluent Design, a par do Paint. E mais recentemente (em Maio deste ano) passou a contar com suporte a IA generativa para criação de conteúdo, seguindo a mesma tendência dos novos PCs Copilot+ da Microsoft.
Estas adições parecem também responder ao vazio deixado pelo fim do WordPad, descontinuado em 2023 depois de três décadas de serviço como alternativa gratuita ao Microsoft Word. Assim, o Bloco de Notas passa a assumir um papel mais versátil dentro do Windows 11. Mas nem todos estão a aplaudir.
Nem todos querem mais funcionalidades
A chegada da formatação está a gerar polémica. Em fóruns como o Reddit, já há utilizadores a criticar aquilo que consideram ser “inchaço” desnecessário num programa que sempre se destacou por abrir rápido e fazer pouco, mas fazê-lo bem. Há o receio de que a Microsoft esteja a comprometer a leveza e a simplicidade do Bloco de Notas ao tentar transformá-lo numa espécie de WordPad 2.0.
No entanto, há argumentos do outro lado: há quem veja com bons olhos a inclusão de formatação leve, sobretudo se continuar opcional e não interferir com o desempenho.
A utilização de markdown também ajuda a manter a estrutura limpa e sem sobrecarga, o que poderá agradar tanto a utilizadores técnicos como a quem sente falta de funcionalidades básicas para notas rápidas com algum destaque.
Mais mudanças a caminho do Windows 11
O Bloco de Notas não é o único a mudar. A Ferramenta de Recorte também vai receber recursos com IA, capazes de gerar capturas de ecrã “perfeitas” e identificar com precisão os valores de cor de qualquer elemento visível. Já o Paint vai permitir criar autocolantes a partir de prompts, num esforço da Microsoft para integrar IA em todas as aplicações nativas.
E como se isso não bastasse, até a infame Tela Azul da Morte (BSoD) pode estar com os dias contados — ou pelo menos com a cor trocada. A empresa está a testar a GSoD (Green Screen of Death) entre os Insiders, com uma interface menos assustadora, ainda que forneça menos detalhes sobre o erro.
Com estas alterações, fica claro que a Microsoft quer tornar o Windows 11 mais moderno e “inteligente”, mesmo que isso implique mexer em ferramentas clássicas que muitos julgavam intocáveis.
Se o Bloco de Notas vai continuar a ser um ícone de simplicidade ou transformar-se num híbrido polivalente, isso dependerá tanto da aceitação dos utilizadores como da forma como a Microsoft lida com o feedback — positivo e negativo.