Os smartphones dobráveis têm crescido em popularidade e consequente aposta de cada vez mais marcas na sua produção. Essa resposta positiva do mercado faz com que, finalmente, comecem a aparecer alternativas acessíveis, como o Blackview Hero 10.
No formato concha, os smartphones das marcas populares ainda andam perto dos 1000 €. Mas a Blackview, com o Hero 10, conseguiu lançar um produto em torno dos 500 €. Que compromissos temos para que isso aconteça? Será que vale a pena? Após tê-lo experimentado pela primeira vez no MWC 2024, testei-o durante as últimas duas semanas para te contar as minhas conclusões.
Unboxing
O Blackview Hero 10 produz um dos melhores unboxings que podes esperar quando se trata de comprar um novo smartphone. É que na caixa encontras tudo o que precisas para começar a utilizar o smartphone com segurança.
Mal abres a embalagem, encontras o smartphone à cabeça, sendo o habitual. Na parte inferior encontras um cabo USB-C para USB-C de carregamento e um carregador de 45 W. Ainda na caixa encontras a ferramenta para colocar o cartão SIM e uma capa de plástico para proteger o equipamento.
Design e construção
O Hero 10 segue o design dos mais recentes smartphones dobráveis em formato concha, assemelhando-se a um smartphone “normal” quando aberto. Fechado tem um ecrã exterior para visualização adicional.
É um equipamento leve e agradável de pegar, já que a sua moldura em alumínio possui uma ligeira curvatura. A parte traseira é em plástico, mas com muito bom aspeto. No campo da durabilidade, a marca promete que o equipamento consegue aguentar até 250 mil dobragens.
Apesar de este ser um smartphone dobrável mais acessível, não notamos grandes fraquezas na construção. O equipamento parece ser robusto quanto baste, demonstrando firmeza na hora de dobrar e desdobrar ou quando o deixamos meio dobrado.
Ecrã
O ecrã principal do Hero 10 é um painel AMOLED 2,5K com 6,9 polegadas. Revela ser um bom painel para consumo de multimédia, seja para jogos, ver uma série ou filme no teu serviço de streaming favorito. Os seus 1300 nits de brilho, embora pudessem ser superiores, revelaram-se satisfatórios para a utilização do painel em condições de maior luminosidade.
Trata-se de um painel em plástico (como noutros dobráveis) em que terás sempre de ter algum cuidado para não o danificar. Quando ao vinco no ecrã, a verdade é que já chegámos a um ponto em que esta é pouco notória e, a meu ver, em nada afeta a experiência com o equipamento. O seu único defeito é não ter uma taxa de atualização superior a 60 Hz.
O painel frontal também pode ser utilizado no modo Flex, em que o equipamento está parcialmente dobrado. Este modo é particularmente útil para o pousares numa superfície para consumir conteúdo, fazer uma videochamada, gravar um vídeo ou tirar uma selfie. Pode ser parcialmente dobrado em vários ângulos.
Podes contar com um ecrã exterior inteligente que serve para te dar informações essenciais quando o equipamento está fechado. É possível ver as horas, consultar mensagens recentes, atender ou rejeitar uma chamada, consultar a meteorologia ou um alarme.
Mas a função que vejo como mais útil é podermos usar a câmara traseira para tirar uma selfie e ver o que estamos a fotografar neste ecrã. Desta forma podemos tirar o máximo partido destas câmaras e ver o resultado previamente.
Áudio
A qualidade de áudio do Hero 10 também me surpreendeu pela positiva. Nota-se que a marca não puxou muito no volume máximo do equipamento para evitar distorção. Isso faz com que tenhas um volume máximo mais comedido, mas uma boa qualidade geral no áudio.
Seja para ouvires a tua playlist favorita no Spotify, jogar o teu título favorito ou consumir um vídeo no YouTube, a qualidade de áudio do Hero 10 não te vai desapontar.
Desempenho
O processador do Hero 10 é bem conhecido. Trata-se do Helio G99, um processador de gama-média MediaTek com provas dadas. O terminal revelou um bom desempenho nos nossos testes, mostrando-se apto para qualquer tarefa diária. Mas deves ter em conta que se trata de um processador de gama-média com suporte até 4G e no qual terás de jogar jogos mais exigentes nas definições mais leves.
Onde a marca não poupou foi na RAM e no armazenamento. O terminal vem com 12 GB de RAM, com expansão até 36 GB e armazenamento de 256 GB. Acima podes ver as pontuações do smartphone no Geekbench 6.
Interface
O Blackview Hero 10 usa a interface DokeOS 4.0 a correr por cima do Android 13 neste smartphone. É uma interface familiar a outros equipamentos da marca, onde ainda sentimos que há algum bloatware a mais e algumas traduções para o português de Portugal por limar.
É um software sem grandes erros no uso diário e com o qual terás familiaridade. A marca também aposta na função Dynamic Live View, que basicamente te permite ver alguma informação rápida em torno da câmara frontal, ao jeito dos modelos de iPhone mais recentes.
Embora não venha com o Android mais recente, o Hero 10 é lançado com uma promessa. A marca promete que o terminal vai receber três anos de atualizações de software, pelo que será atualizado para o Android 16. É bom ver uma marca como a Blackview a fazer este tipo de compromissos com os utilizadores.
Bateria
Podes contar com uma bateria de 4000 mAh neste smartphone. É uma bateria para chegar ao fim do dia sem grandes problemas para quem faz um uso normal do equipamento. Assim que precisares de carregar o smartphone, também promete ser rápido.
Na caixa vem um carregador de 45 W, que é o máximo a que o equipamento carrega. A marca alega que poderás desfrutar de 4 horas em chamada com apenas 10 minutos de carga adicional no equipamento. Na minha utilização foi um smartphone para um dia de utilização, tendo que o carregar durante a noite.
Câmara
O Hero 10 tem umas câmaras com qualidade condizente com o segmento de gama-média. Não podes esperar aqui resultados ao nível de um topo de gama, mas que serão satisfatórios para os utilizadores que procuram um equipamento que satisfaça no dia a dia.
Temos uma câmara principal de 108 MP apoiada por um sensor ultrawide de 8 MP. Na câmara principal podes contar com registos de qualidade, principalmente durante o dia. À noite acaba por sofrer um pouco mais, mas ainda assim consegues tirar alguns registos com condições de pouca luz.
A câmara frontal tem qualidade suficiente para tirar aquela selfie ou fazer videochamadas. A parte interessante de termos um ecrã na traseira é que podes usar essas câmaras para captar selfies sozinho ou acompanhado. Podes gravar vídeo até 2K, mas terás resultados mais estáveis se te ficares por Full HD.
Conclusão: uma boa porta de entrada no segmento dos dobráveis
O Blackview Hero 10 faz alguns compromissos para ter um preço reduzido, como a ausência de um processador com 5G e um ecrã com apenas 60 Hz. Além disso, o software tem ainda arestas por limar nas traduções e na quantidade de bloatware.
Facto é que se trata de um smartphone dobrável acessível face à concorrência, visto que o consegues apanhar em torno de 500 €. Tem um tamanho compacto bom para arrumar no bolso, bom ecrã e áudio, um ecrã exterior para consultar informação adicional e tirar selfies com a câmara traseira e traz carregador e capa incluídos na caixa. Além disso, a marca promete atualizações até ao Android 16.
Se estás à procura de um dobrável acessível, o Blackview Hero 10 é uma boa porta de entrada neste segmento de smartphones.
Blackview Hero 10
Processador: MediaTek Helio G99
RAM e ROM: 12 GB + 256 GB
Ecrã: interior de 6,9 polegadas (+ exterior)
Bateria e carregamento: 4000 mAh e 45 W
