O fundador da Microsoft continua a sua saga em busca de uma fonte de energia “limpa”, com zero emissões e mais barata do que o carvão, e os seus investimentos numa nova geração de energia nuclear fazem cada vez mais parte desta estratégia.
Em entrevista ao programa da CNN Internacional GPS, da autoria de Fareed Zakaria, Bill Gates voltou a explicar a sua visão sobre uma nova energia nuclear, cujo processo de geração se afasta das tecnologias ditas convencionais usadas nas atuais centrais nucleares.
Água? Não, metal!
Bill Gates, enquanto filantropo e homem de negócios, voltou a insistir no princípio de funcionamento de uma nova geração de centrais nucleares, que tem na sua base a utilização de metal para, em vez de água.
A partir deste pressuposto, Gates defende que será possível criar explorações mais baratas, menos complexas e, em consequência, mais seguras.
“Estivemos dispostos a regressar ao básico e a fazer o que sempre se disse que deveria ser feito, que é arrefecer a central com metal em vez de água. Isto significa que este problema da alta pressão e do calor extra quando se desliga uma central está completamente resolvido”. Bill Gates enfatiza ainda que a complexidade das centrais anteriores, “que fez com que a energia nuclear se tornasse mais complexa e mais cara”, muda completamente.
Política nuclear pós-Fukushima
A questão da segurança foi um dos temas abordados na entrevista ao programa de Fareed Zakaria, com o exemplo da Alemanha – que está a desativar as suas centrais nucleares – a servir de contraponto à nova aposta nesta tecnologia.
Depois de defender que a produção de energia nuclear “apesar dos problemas tem um histórico bastante bom”, Bill Gates deixou vários exemplos de países que estão a apostar na nova geração de centrais nucleares, como resposta ao cenário que estamos a assistir na Alemanha.
“Há muitos países como a França, Reino Unido, Japão e a Coreia do Sul que estão muito recetivos à energia nuclear; na verdade, eles sabem que precisam dessa energia - o Japão não tem tanta sorte quanto os EUA em termos ao nível da [produção] solar ou eólica. Para se tornarem verdes, é necessário ter uma percentagem ainda maior de nuclear. Trabalhar com estes países mostrará que podemos reduzir os custos e até países como a Alemanha olharão para esta nova geração e irão reconsiderar” - defende Gates.
A central do Wyoming e o corte com a Rússia
Bill Gates falou também do projeto de investimento na sua central de energia nuclear TerraPower, no Wyoming, e do adiamento da sua concretização.
O plano original previa a sua conclusão em 2028, tendo como base a utilização de combustível proveniente da Rússia. “Isto é, claro, inaceitável agora. E assim todo o combustível para estas centrais virá ou dos EUA ou de países amigos”.
O fundador da Microsoft concluiu a entrevista afirmando que o investimento que está a fazer em inovação “pode impulsionar a rentabilidade”, defendendo que todos os investimentos climáticos que está a realizar, caso tenham sucesso, poderão alimentar a Gates Foundation e os respetivos programas de erradicação da Malária e da Tuberculose.