
O ar que respiras na Baixa de Lisboa tem níveis de poluição perigosos. Os dados são da associação ambientalista Zero e mostram que em zonas como a Avenida da Liberdade e a Rua da Madalena, as concentrações de dióxido de azoto (NO₂) chegam a ser três a quatro vezes superiores ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde.
Estes valores já ultrapassam os limites legais que Portugal tem de cumprir em 2030. Naquele que é o Dia Europeu Sem Carros, que se assinala esta segunda-feira, a Zero fez uma proposta radical, mas que considera essencial. Trata-se da criação de uma Zona de Zero Emissões (ZZE) na Baixa.
Na prática, isto significa proibir a circulação de todos os veículos que não sejam 100% elétricos, limitar o acesso a carros de não residentes e garantir que as vias BUS são para uso exclusivo de transportes públicos, que também deverão ser totalmente eletrificados.
Zona de Emissões Reduzidas é um falhanço, segundo a Zero
Esta medida só é proposta porque o sistema atual, a Zona de Emissões Reduzidas (ZER), é um falhanço assumido. Segundo a associação, está "totalmente desatualizada e sofre de falta de fiscalização", não conseguindo resolver os problemas de trânsito, ruído e, como os números provam, da péssima qualidade do ar.
O problema, segundo a Zero, é agravado por uma série de contradições na gestão da cidade. Enquanto a crise da habitação empurra os cidadãos para periferias mal servidas de transportes públicos, aumentando a dependência do carro, a EMEL planeia criar mais 9 mil lugares de estacionamento até 2027.
Esta medida vai no sentido oposto ao de cidades como Paris ou Amesterdão, que removem lugares de estacionamento para devolver o espaço às pessoas e só vai servir para atrair mais carros para a capital. A proposta da Zero vai ao encontro de uma petição lançada hoje pela Associação dos Moradores e Amigos de Santa Maria Maior, que exige medidas concretas à Câmara e Assembleia Municipal.