Cada vez mais, as alterações climáticas são um problema que a todos preocupa. Pelo décimo mês consecutivo, bateram-se recordes de temperatura.
De acordo com o The Guardian, as temperaturas da superfície da Terra aumentaram 0,1ºC, face ao último recorde de março. A mesma fonte refere, ainda, que a temperatura é 1,68ºC superior à média pré-industrial.
Os dados são fornecidos pelo Serviço de Alterações Climáticas Coperniucus. Os próprios apontam que, nos últimos 12 meses, a temperatura global média esteve 1,58ºC acima dos níveis pré-industriais.
Aparentemente, este valor excede a referência de 1,5ºC, definida pelos cientistas. Recorde-se que o Met Office do Reino Unido chegou a defender que a meta em questão seria facilmente ultrapassada.
No entender de alguns líderes dentro do setor climático, os valores atuais ainda se encontram nos limites definidos pelos modelos informáticos.
O planeta tem aquecido a um ritmo de 0,3ºC por década
De qualquer forma, a situação atual preocupa muitos cientistas. Quem se pronuncia acerca das alterações climáticas é Diana Ürge-Vorsatz, vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU.
A própria salienta que o planeta tem vindo a aquecer a um ritmo de 0,3ºC por década, nos últimos anos. Em termos comparativos, Ürge-Vorsatz remonta a 1970, em que o ritmo era de 0,18ºC.
Em jeito de preocupação, a vice-presidente do IPCC usou o X, para se expressar. “Isso está dentro da faixa de variabilidade climática ou é um sinal de aquecimento acelerado? A minha preocupação é que possa ser tarde demais se esperarmos para ver” (via The Guardian).
Quem também evidencia as suas preocupações é Gavin Schmidt. O diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa destaca que é preocupante os recordes serem quebrados todos os meses.
Num artigo publicado pela Nature, o próprio escreve: “é humilhante e um pouco preocupante admitir que nenhum ano confundiu mais as capacidades preditivas dos cientistas climáticos do que 2023”.
Schmidt coloca a possibilidade de se tratar de uma anomalia
De qualquer forma, Schmidt coloca a possibilidade de se tratar de uma anomalia. Nesse sentido, o cientista defende alguns potenciais motivos que poderão explicar a situação atual.
Entre esses motivos, constam, por exemplo: as reduções no arrefecimento de partículas de dióxido de enxofre e as consequências da erupção vulcânica Hunga Tonga-Hunga Ha'apai.
Face à situação atual, Schmidt considera que a humanidade pode estar a entrar em campos desconhecidos.
“Se a anomalia não estabilizar até agosto, então o mundo estará em território desconhecido. Isto pode implicar que o aquecimento do planeta já está a alterar fundamentalmente a forma como o sistema climático funciona, muito mais cedo do que os cientistas previam” (via The Guardian).
Como principal causa para esta situação, a comunidade científica tende a concordar que os combustíveis fósseis são o problema. De acordo com a mesma fonte de informação, um inquérito feito a responsáveis por cerca de 90.000 estudos foi conclusivo. 99,9% destes concordam que o clima tem sido alterado por combustíveis fósseis.