O crescimento alucinante da Inteligência Artificial (IA) pode ser uma verdadeira “dor de cabeça” para muitos setores. A indústria musical é um deles, tanto que a Sony Music, um dos maiores grupos, deixou o aviso às empresas que usam IA para não treinarem modelos sem permissão.
De acordo com a NBC News, a carta da Sony Music foi enviada a mais de 700 empresas. Entre estas, encontram-se empresas de IA e plataformas de streaming. No texto emitido pela Sony Music, ficou explícita a obrigatoriedade de haver licenciamento.
A forma da IA gerar música entra em conflito com os direitos dos artistas, segundo a Sony
Recorde-se que o tema tem dado muito que falar nos últimos tempos. Hoje em dia, a verdade é que já existem plataformas como o “Suno”, por exemplo, que criam uma música em poucos segundos. Naturalmente, isso preocupa a indústria da música.
Segundo a Sony, esta forma de treinar os modelos “entra em conflito com a exploração normal dessas obras, prejudica injustificadamente os nossos interesses legítimos e infringe a nossa propriedade intelectual e outros direitos".
Sobre a evidente evolução da IA, a Sony reconhece o potencial deste tipo de tecnologia. Contudo, destaca que a IA não deve, em nenhum momento, pôr em causa ou prejudicar os direitos dos compositores e dos artistas.
Nesse sentido, a carta da Sony Music solicita, a todos os que usaram IA de forma indevida, que deem detalhes sobre o conteúdo usado. Como relembra a NBC News, a própria União Europeia chegou a aplicar a Lei da Inteligência Artificial. Esta exige que o público tenha acesso ao conteúdo que foi usado.
Nos últimos tempos, muito se tem falado sobre o homem e a IA. Ainda que noutra área diferente, recorde-se que Bill Gates chegou a confessar, em entrevista a Sam Altman, algum receio de que o ser humano se torne obsoleto.
O CEO da Warner Bros condena a tentativa de usar a identidade de cada pessoa de forma não consentida
Ao que tudo indica, nas áreas criativas, esse medo também já se faz sentir e de forma muito clara. Afinal de contas, é cada vez mais fácil, para alguém que pouco ou nada sabe de música, criar um trecho musical com qualidade.
Por causa destas ferramentas de IA, o que não falta na Internet, nos últimos tempos, são versões artificiais a partir de vozes que existem, nem sempre de cantores. Podes assistir em baixo, por exemplo, a uma versão de Cristiano Ronaldo a cantar “Perfect” de Ed Sheeran.
Este é um dos vários exemplos que demonstra o potencial assustador da IA na música. Quem também se pronunciou sobre o assunto foi o CEO da Warner Music Group. No entender de Robert Kyncl, elementos como a voz devem ser inteiramente indissociáveis do próprio.
“Essas características são os próprios alicerces da nossa individualidade – não são simplesmente dados a serem obtidos e usados por outros. A identidade de cada pessoa não deve ser usada de maneiras que elas nunca tolerariam” - afirma Kyncl.
Só no mês passado, mais de 200 artistas assinaram uma carta em protesto contra os avanços da IA. Estes apelam a que nunca se caia na tentação de trocar o talento humano pela Inteligência Artificial.