Apple recua na aplicação das medidas de combate à exploração infantil no iOS 15

Rui Bacelar
Rui Bacelar
Tempo de leitura: 3 min.

A 6 de agosto de 2021 demos a conhecer a, desde então problemática, medida que visa combater a exploração infantil. A mesma consiste na verificação (scan) das fotografias e vídeo armazenados nos iPhone com iOS 15, iPad com iPadOS 15, relógios com o watchOS 8, bem como o macOS Monterey para computadores da maçã.

De imediato surgiram vozes críticas que apontavam o sério risco de colocar em risco a privacidade do utilizador. Algo que, aliás, a Apple tem vindo a defender acerrimamente com diversas medidas a entregar novamente aos utilizadores o controlo da respetiva privacidade. A media não foi bem recebida pela comunidade, chegando em autêntico contra ciclo com as políticas da Apple.

O intuito nobre não poupou críticas a esta política da Apple

Tal como avança agora a publicação 9to5Mac, a Apple pausará a aplicação da sua medida contra a CSAM (Child Sexual Abuse Material). De acordo com a tecnológica norte-americana, serão agora canalizados esforços para a melhoria e desenvolvimento destas caraterísticas e funções de proteção dos menores.

Ainda segundo a empresa de Tim Cook, a empresa precisa de colher mais opiniões e feedback de diferentes grupos e pontos de vista diferentes até se atingir um novo consenso sobre esta política. Em síntese, a Apple irá rever e aprofundar o estudo desta problemática até que esteja segura da sua boa receção e aplicação.

"No último mês anunciamos os planos para uma maior proteção das crianças de predadores que tiram proveito das ferramentas de comunicação para recrutar e explorar os menores. O nosso intuito é conter a disseminação de material de abuso sexual de menores. Com base no feedback dos utilizadores, grupos de opinião e peritos na área, decidimos tomar mais tempo para estudar o melhor plano de ação. Assim, durante os próximos meses iremos colher mais opiniões antes de disponibilizar estas funções de extrema segurança para as crianças". Estas foram as declarações da Apple prestadas à publicação 9to5Mac.

Apple decide suspender a aplicação destas medidas no iOS 15

A decisão da tecnológica de Cupertino surgem sem surpresa. Após ter recebido várias críticas desde o anúncio destas medidas, tal desfecho era já esperado. Recordamos que esta nova função faria um escrutínio de todos os conteúdos armazenados na iCloud e na iMessage.

Na prática, todas as imagens e vídeos seriam analisados, no próprio dispositivo, por um algoritmo desenvolvido pela Apple. Em caso de deteção de um conteúdo sexual contendo menores, o algoritmo alertava uma pessoa física na Apple que procederia à revisão dos conteúdos. Em seguida, caso fosse efetivamente detetado um conteúdo deste cariz, as autoridades e os pais seriam alertados.

Perante o perigo dos falsos positivos, da devassa da vida privada do utilizador e outros riscos associados, o criticismo foi rápido e galopante. Agora, a Apple recua na sua aplicação, estando até então prevista a sua aplicação até ao final do ano.

O sério risco de tal função ser usada para fins indevidos pelo Estado

Tal como também alertou a The Electronic Frontier Foundation (EFF), este algoritmo podia ser usado para fins indevidos. Mais concretamente, por uma qualquer entidade estatal que pudesse colocar esta ferramenta a fazer um escrutínio de tudo o que o utilizador tinha no seu iPhone e demais dispositivos Apple.

Perante o possível impacto nefasto desta ferramenta, caso caísse nas mãos erradas, foram dados ainda mais alertas. Inicialmente sem responder, a tecnológica de Cupertino reconhece que há mais trabalho a ser feito.

Em síntese, ainda que o propósito da função fosse (e é) nobre, a execução levantava fortes dúvidas. Algo que agora, ainda que possivelmente à contra-vontade, a Apple também reconhece.

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Rui Bacelar
Rui Bacelar
O Rui ajudou a fundar o 4gnews em 2014 e desde então tornou-se especialista em Android. Para além de já contar com mais de 12 mil conteúdos escritos, também espalhou o seu conhecimento em mais de 300 podcasts e dezenas de vídeos e reviews no canal do YouTube.