A descoberta surge em pleno contexto de crítica e desconfiança perante o escrutínio que a Apple anunciou no início deste mês de agosto. Prática que, como veremos, já estaria a ser aplicada há pelo menos dois anos, ainda que por razões atendíveis.
Com o intuito de combater a exploração infantil a tecnológica de Cupertino fez saber no início do mês que procurará fotos de nudez e abuso sexual nos iPhone com iOS 15, entre outras medidas similares, tal como demos a conhecer anteriormente na 4gnews.
Apple estaria a escrutinar o iCloud e e-mail desde 2019
Ainda que tais medidas só devessem ser introduzidas com a chegada do iOS 15 no próximo mês de setembro, junto dos próximos iPhone 13, a Apple já estará a executar estas verificações desde 2019. Estas são as conclusões agora apontadas pela CNET.
A publicação baseia-se num novo relatório que detalha a prática controversa. Note-se que, recentemente, a tecnológica de Cupertino ficou debaixo de fogo após o anúncio destas medidas dúbias e potencialmente comprometedoras da privacidade do utilizador.
Recordando o anúncio da Apple, as medidas de escrutínio serão aplicadas não só aos iPhone com iOS 15, mas também aos iPad com iPadOS 15. De igual modo, também estarão presentes nos computadores Mac com o macOS Monterey.
Os críticos apontam a possibilidade deste sistema poder ser subvertido e usado como meio de vigilância governamental.
Apple faz o escrutínio do iCloud e Mail desde 2019
Entretanto, em declarações à publicação 9To5Mac, a Apple afirmou fazer um escrutínio de fotos de nudez e abuso sexual de crianças desde 2019. Fá-lo ativamente com o intuito de localizar e eliminar tais instâncias das suas plataformas com o Mail e o iCloud.
Ora, este detalhe foi ocultado do recente anúncio no início de agosto. Aí, a Apple apresentou a nova política como uma novidade, não como uma prática já enraizada. Face ao exposto, a polémica em torno do assunto irá necessariamente aumentar.
A propósito, vemos em versões anteriores da Política Legal da empresa a referência a esta prática. Mais concretamente, no "uso de tecnologia de correspondência imagética para ajudar a encontrar e reportar instâncias de abuso e exploração infantil".
Esta prática utilizaria as "assinaturas digitais", sem fornecer mais detalhes sobre o modus operandi deste escrutínio.
A "novidade" estaria em prática há 2 anos no iCloud e Mail
Ainda de acordo com a peça da 9to5Mac a Apple afirmou executar um scan "limitado" de outros dados, sem avançar mais detalhes. A exceção, segundo a própria, serão as cópias de segurança, os backups do iPhone e iPad.
Estes desenvolvimentos vêm acirrar o debate acerca da postura da Apple para com a privacidade dos utilizadores. Privacidade esta que, aliás, tem sido uma das maiores bandeiras da empresa norte-americana e ponto de venda junto dos consumidores.
A empresa chegou ao ponto de criticar a Google, Facebook e outras redes sociais. Aliás, vimos o seu CEO, Tim Cook, a tecer críticas à exploração dos dados dos utilizadores. Segundo Cook, a Apple faz dinheiro a vender iPhones, por isso, não precisa de traçar, seguir e vender os dados dos utilizadores.
Em síntese, Cook não poupou críticas às Big Tech. Mostrou-se sempre firme na sua postura para com a privacidade do utilizador. Agora, perante esta nova intenção declarada, e prática vigente desde pelo menos 2019, a empresa é acusada de hipocrisia.
Intenção nobre, mas como ficará a privacidade do utilizador Apple?
Ainda que os maiores acérrimos defensores da privacidade reconheçam o intuito nobre da Apple, é difícil ignorar o risco para a privacidade de tal medida. Mesmo que, infelizmente, se atravesse uma fase de aumento deste tipo de imagens social e criminalmente puníveis através da Internet, levantaram-se diversas vozes preocupadas com a atitude da Apple.
Em sua defesa, a tecnológica afirma que qualquer escrutínio será feito apenas no iPhone, iPad, ou Mac. Isto é, de modo offline com vista a minimizar o risco de qualquer fuga de informação caso o procedimento fosse feito nos servidores da Apple.
Ademais, a responsável pelos iPhone mostrou-se disposta a ser submetida a auditorias de segurança para garantir que o sistema não seria utilizado para outros fins. Não obstante, o debate acerca desta nova ação continua bastante aceso.
Por fim, a Apple deverá generalizar esta prática com a distribuição dos iOS 15, iPadOS 15 e macOS Monterey.
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