Há mais acessos fixos à Internet - e cada vez mais rápidos -, mais serviços fixos de TV por subscrição e não para de crescer o número de pessoas a utilizar o serviço móvel de acesso à Net em Portugal; mas as telecomunicações continuam a ser caras para muitos utilizadores. Há ainda mais de um milhão de pessoas que nunca acederam à Internet a partir da rede fixa e quase todos os concelhos portugueses têm zonas sem cobertura a partir de redes de nova geração, por exemplo.
As conclusões fazem parte do relatório “O Sector das Comunicações 2023”, disponibilizado recentemente pela Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), que destaca, entre outros, os dados relativos aos mercados de telefone fixo e móvel, de acesso à Internet fixo e móvel, bem como da cobertura e penetração de serviços de televisão por subscrição e de acesso livre.
O 4gnews leu o relatório da Anacom relativo a estes domínios e mostra-te um resumo das principais conclusões.
Os pontos negativos
• De acordo com o relatório, no final de 2023 cerca de 1,7% das famílias portuguesas não tinham acesso ao serviço telefónico fixo ou móvel, um total de 12,4% da população portuguesa nunca tinha usado a Internet a partir de ligações fixas e 48,6% das famílias com serviço telefónico fixo admitiram não o utilizar.
• Os custos dos equipamentos e a iliteracia digital são apontados como os fatores que levam mais de um milhão de portugueses a nunca ter acedido à Net pela rede fixa; já a pouca utilidade do telefone fixo e a sua substituição pelos telefones móveis justificam o ocaso do telefone fixo tradicional que temos (tínhamos?) em casa.
• No final de 2023 existiam ainda áreas sem cobertura de “redes de comunicações eletrónicas de capacidade muito elevada” (acessos baseados em redes de nova geração, com suporte a Internet de banda Larga) em 94% dos concelhos e em 64% das freguesias de Portugal. Neste contexto, o Alentejo e o Algarve apresentavam a maior percentagem de freguesias não cobertas.
• A variação de preços das telecomunicações em dezembro de 2023, face ao ano anterior, foi de 6,4% - o valor mais elevado desde abril de 1994, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
• Comparando com a União Europeia (UE), a taxa de variação média dos preços das telecomunicações em Portugal entre 2022 e 2023 foi superior à média.
• Estes valores contrastam com o aumento de 6% das receitas dos principais serviços de comunicações eletrónicas no retalho, em comparação com o ano anterior.
As boas notícias
• O número de acessos fixos de TV por subscrição e acesso à Internet voltou a crescer, atingindo os 4,6 milhões - um aumento de 2,1% e 2,9%, respetivamente, face ao ano anterior.
• A utilização exclusiva da televisão digital terrestre (TDT) nas residências principais abrangia 8,3% das famílias (menos 0,7 pontos percentuais que em 2022).
• No final de 2023 a Anacom estimava um mínimo de 6,1 milhões de alojamentos cablados com uma rede de alta velocidade.
• As redes de fibra ótica passaram a ser as principais redes de acesso fixo à Internet (66,2% dos acessos) e aos serviços de televisão por subscrição (63,9%).
• Enquanto a penetração do serviço telefónico móvel diminuiu 1,5 pontos percentuais face a 2022, a penetração da banda larga móvel registou um aumento de 5,9% comparativamente a igual período.
• A taxa de cobertura de redes LTE em Portugal por parte dos três operadores de Serviços Telefónicos Móveis ficou acima dos 99%, enquanto a cobertura 5G se aproximou dos 90% da população nacional.
• Os utilizadores do serviço móvel de acesso à Net registaram um aumento de 6,3% face a 2022.
• O tráfego registado em redes 5G representou 10,3% do total de tráfego de dados móveis, atingindo os 5,4 GB mensais por acesso.
• Em 2023 cerca de 70,7% da população efetuou chamadas de voz/vídeo pela Internet e quase 80% usaram o serviço de mensagens instantâneas.
• No mesmo período 44,0% da população entre os 16 e os 74 anos efetuou compras através da Internet (valores obtidos nos três meses anteriores ao momento da recolha dos dados).
Podes consultar o relatório ‘O Sector das Comunicações 2023’ integral no site da Anacom.