O governo alemão deu luz verde a uma nova proposta fiscal que visa impulsionar a adoção de veículos elétricos, numa tentativa de reverter o abrandamento registado no setor. Após o final abrupto de um programa de subsídios do ano passado, a maior economia europeia procura agora recuperar terreno, especialmente depois de uma queda significativa nas novas matrículas de veículos elétricos, que registaram uma descida de 36,8% em julho, comparativamente ao ano anterior.
As duas preocupações principais
A principal preocupação dos consumidores alemães não se resume apenas ao preço elevado destes veículos. A falta de estações de carregamento e as dúvidas sobre a autonomia dos carros elétricos têm sido fatores que dificultam igualmente a sua aceitação mais homogénea. Ciente destes obstáculos, o governo de Olaf Scholz decidiu avançar com incentivos fiscais direcionados às empresas, com o objetivo de estimular a aquisição de veículos elétricos e de emissões zero.
Segundo o projeto aprovado, as empresas poderão deduzir até 40% do valor nos veículos elétricos recém-comprados no primeiro ano, sendo essa percentagem progressivamente reduzida até 6% nos anos seguintes. Esta medida deverá vigorar a partir de 2024 e representa um esforço significativo por parte do governo, que estima que o custo total desta medida seja de cerca de 465 milhões de euros por ano entre 2024 e 2028.
Além disso, o limite para o valor dos carros de empresas que poderão beneficiar de um tratamento fiscal favorável também será aumentado. Anteriormente, apenas os veículos com um valor inferior a 75 mil euros podiam usufruir deste benefício; agora, o teto foi elevado para 95 mil euros, abrangendo assim uma maior gama de automóveis elétricos. Esta mudança aplica-se a veículos adquiridos a partir de julho de 2024.
A proposta, que ainda necessita da aprovação do Bundestag e do Bundesrat, foi recebida positivamente pela Associação Alemã da Indústria Automóvel (VDA). Esta organização sublinhou que a medida é "urgentemente necessária", especialmente após o fim repentino do bónus ambiental no ano passado, que travou a procura por veículos elétricos.
Um "ultimato" que exigiu mudanças
A necessidade de apoiar o setor automóvel alemão tornou-se ainda mais evidente após o anúncio da Volkswagen, que sugeriu a possibilidade de encerrar fábricas na Alemanha pela primeira vez na sua história devido à fraca procura por veículos elétricos. Perante este cenário, o ministro da Economia, Robert Habeck, garantiu que o governo continuará a apoiar a transição do setor para a mobilidade elétrica, sublinhando a importância estratégica desta indústria para a economia do país.
Este pacote de incentivos surge também numa altura de crescente competição por parte dos fabricantes chineses, que têm invadido o mercado europeu com veículos elétricos a preços mais acessíveis. Várias destas empresas têm planos de abrir fábricas na Europa, colocando pressão adicional sobre os construtores tradicionais.