
A solução para a redução na quantidade de plástico usada na indústria de higiene pessoal pode estar numa inovação 100% portuguesa, desenvolvida por quatro jovens estudantes da Maia. Chama-se Clea e trata-se de uma cápsula monodose que contém o produto e se dissolve completamente em contacto com a água.
A tecnologia por trás da Clea assenta num princípio conhecido da indústria alimentar e farmacêutica. É a encapsulação através de alginato de sódio, mas aplicado de forma pioneira aos produtos de higiene. O invólucro da cápsula é criado a partir de uma substância extraída de algas marinhas, um material natural, biodegradável e compatível com a pele humana.
Como funciona o processo de utilização
Dentro desta película encontra-se a dose exata de gel de banho, champô ou amaciador para uma utilização. O processo de utilização é intuitivo. Levas a cápsula contigo para o duche, e o simples contacto com a água e fricção das mãos iniciam o processo de dissolução do invólucro, libertando o conteúdo, explicam os criadores na reportagem da SIC Notícias.
No final do banho, não resta qualquer vestígio da embalagem, apenas o produto que utilizaste. É uma abordagem radical ao conceito de "zero desperdício", pois tem como intuito eliminar por completo a necessidade de embalagens plásticas de longa duração para produtos de consumo rápido.
Projeto nasceu na Escola Secundária da Maia e já foi reconhecido pela National Geographic
Este projeto, nascido de um desafio escolar na Escola Secundária da Maia focado em sustentabilidade, rapidamente foi além da sala de aula. Graças a parcerias com entidades como a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), os estudantes Isabel Oliveira, Nuno Aroso, Maria Toga e Vasco Cardoso tiveram acesso a laboratórios e apoio científico para desenvolver e testar os protótipos, para transformar uma ideia promissora numa solução tecnologicamente viável.
O projeto já foi distinguido com vários prémios e recebeu uma bolsa da prestigiada National Geographic Society. No entanto, o maior desafio reside agora na transição do laboratório para o mercado. Convencer a indústria cosmética, habituada a décadas de produção e logística baseadas em embalagens plásticas, a adotar uma tecnologia tão diferente, representa a verdadeira barreira para que esta inovação chegue às nossas casas de banho.