
Há muito que os telemóveis deixaram de ser apenas dispositivos de comunicação: atualmente, estes pequenos aparelhos que nos acompanham 24h por dia servem também de carteiras digitais, arquivos de fotografias pessoais e cofres com chaves de acesso a serviços financeiros.
Mais de 82% dos Portugueses usam os smartphones para acederem à internet, um valor que ultrapassa a utilização do computador, segundo dados de 2024. Com esta tendência, que é global, não é de admirar que fabricantes como a Apple, a Samsung, a Huawei ou a Xiaomi estejam a investir milhões em sistemas de segurança próprios.
Mecanismos de segurança incluídos no teu smartphone
Os sistemas operativos móveis, como Android e iOS, já trazem de fábrica várias camadas de defesa, incluindo a encriptação de dados. Isto significa que, mesmo que um intruso aceda fisicamente ao dispositivo, terá grande dificuldade em decifrar os ficheiros.
Outros mecanismos de segurança incluídos nos smartphones são:
- Autenticação biométrica: o tradicional PIN está a ser gradualmente substituído por sensores de impressões digitais e reconhecimento facial, tornando o desbloqueio mais rápido e difícil de falsificar.
- Sistemas de permissões: as versões mais recentes dos sistemas operativos obrigam as aplicações a pedirem autorização explícita para acederem à câmara, ao microfone, à lista de contactos ou ao serviço de localização.
- Centros de privacidade: algumas marcas permitem verificar, em tempo real, quais as aplicações que estão a usar recursos sensíveis.
Estas medidas erguem uma barreira inicial sólida contra acessos indesejados, aplicações maliciosas e o uso abusivo de dados. Mas a realidade é que há situações relativamente comuns que continuam desprotegidas.
As limitações da segurança integrada

Como vimos, os smartphones modernos tornaram-se verdadeiras fortalezas digitais, com métodos de autenticação biométrica, encriptação e controlo rigoroso de permissões. No entanto, essas barreiras acabam na porta do dispositivo.
Por exemplo, mesmo com um sistema operativo atualizado, a ligação a uma rede wi-fi pública, num café ou aeroporto, continua a ser arriscada. Também as aplicações maliciosas são uma ameaça: muitas passam despercebidas nas lojas oficiais e recolhem mais informações do que deviam.
Por último, existe ainda o rastreamento online, uma prática comum e particularmente abusiva que permite que anunciantes e plataformas criem perfis detalhados a partir da sua atividade de navegação – algo que a segurança do telemóvel ainda não consegue travar por completo.
A segurança integrada é útil contra ameaças locais e óbvias, mas tem limitações quando se trata de proteger as comunicações online. E, mesmo com as permissões certas configuradas, o seu endereço IP continua a denunciar a zona onde se encontra.
A tecnologia pode ajudar

Os recursos de segurança integrados no telemóvel são uma barreira inicial importante, mas não eliminam todos os riscos ligados à navegação online. É aqui que uma rede privada virtual (VPN) pode acrescentar uma camada de proteção adicional.
Não sabe o que é uma VPN? Trata-se de um serviço que protege a ligação à internet e a privacidade online. Criando um túnel encriptado para os seus dados, estas redes protegem a sua identidade online. Estas são algumas das suas vantagens:
- Proteção em redes públicas: criam um “túnel” encriptado que mantém os seus dados seguros, mesmo em ligações wi-fi abertas.
- Ocultação do endereço IP: reduzem a possibilidade de anunciantes ou terceiros rastrearem as suas atividades online.
- Acesso sem barreiras geográficas: permitem contornar bloqueios regionais em determinados serviços, sendo este um benefício secundário no contexto da segurança.
No seu conjunto, estas funcionalidades garantem que as zonas mais vulneráveis da sua navegação ficam mais protegidas, sem substituir, mas antes reforçando as defesas que o seu telemóvel já traz.
Smartphones: “proteção” é a palavra-chave
Em Portugal, o Centro Nacional de Cibersegurança (CNC) tem lançado campanhas públicas sobre a segurança na utilização dos smartphones, chamando a atenção para as inúmeras possibilidades de fraude que a sua utilização descuidada pode acarretar.
Esta instituição, que goza do estatuto de Autoridade Nacional de Cibersegurança, recorda que o telefone portátil se tornou “um verdadeiro espelho da vida pessoal e profissional de cada utilizador”. Além dos exemplos que já referimos neste artigo, o CNC lembra que nele se “acumulam fotografias, percursos registados pelo GPS, treinos monitorizados por aplicações, registos de chamadas, mensagens e muito mais”.
Se não houver qualquer bloqueio configurado, a perda ou o roubo de um smartphone pode abrir uma brecha de segurança significativa e provocar sérios prejuízos financeiros. Mesmo sem acesso físico ao dispositivo, há software malicioso que pode, por exemplo, ativar a câmara ou recolher informações do dispositivo sem o conhecimento do utilizador, comprometendo gravemente a sua privacidade.