Quase um terço da população portuguesa possui uma literacia digital acima do nível básico e 38% das empresas registaram um nível ''alto'' ou ''muito alto'' de intensidade digital, mas há ainda 27,1% de portugueses com literacia digital abaixo do nível básico.
Os dados, relativos a 2023, foram hoje revelados pela ANACOM no relatório sobre as “Competências digitais da população e das empresas”, documento que caracteriza a literacia digital da população e a intensidade digital das empresas, em Portugal e nos 27 membros da União Europeia (UE) a 27.
Segundo a ANACOM, “o indicador global de literacia digital da Comissão Europeia (Digital Skills Indicator 2.0) relativo a 2023 classificou 29,9% da população portuguesa com 16 a 74 anos acima do nível básico, 26% com o nível básico, 27,1% abaixo do nível básico, 2,7% sem nível e, por fim, 14,2% não utilizava Internet.
Literacia varia consoante as áreas temáticas
O relatório da ANACOM indica que Portugal ocupava o 12.º lugar no ranking da UE a 27 no que respeita à percentagem da população com literacia digital acima do nível básico, com 29,9% em Portugal face aos 27,3% da média europeia.
Os dados do novo Digital Skills Indicator contemplam também as competências dos portugueses em diferentes áreas de atuação e, neste capítulo, 80,7% dos indivíduos possui competências acima do nível básico em “Comunicação e colaboração” e 72,4% em “Literacia de dados e informação”.
A literacia sobre “Segurança” acima do nível básico é comum a 56,1% dos portugueses, enquanto 45,8% atingem este patamar ao nível da “Criação de conteúdos digitais” e 43,7% conseguem-no na área de “Resolução de problemas”.
Os dados da ANACOM mostram que Portugal se encontrava acima da média da UE27 ao nível dos conhecimentos acima do nível básico nas áreas “Segurança” e “Literacia de dados e informação”, ficando abaixo na área “Resolução de problemas” (ver quadro).
Literacia é maior nas zonas urbanas e nos jovens
O relatório da ANACOM caracteriza também os níveis de literacia digital em Portugal quanto à geografia e às diferentes gerações de utilizadores.
Por zonas geográficas, os dados mostram que a literacia digital da população em zonas urbanas tende a ser superior às zonas rurais, com as regiões da Área Metropolitana de Lisboa e do Algarve a revelarem maior percentagem de população com literacia digital igual ou acima do nível básico (66,5% e 56,7%, respetivamente), enquanto os níveis mais baixos se verificaram no Alentejo (47,8%) e na Região Autónoma dos Açores (49,3%).
Revela o relatório da ANACOM que “os níveis de literacia digital foram superiores entre os mais jovens (até 34 anos), com maiores níveis de escolaridade e estudantes. Por contraste, os níveis de literacia foram inferiores entre a população com idades mais elevadas (65 ou mais anos), reformados e com menores níveis de escolaridade (até ao 3.º ciclo do ensino básico)”.
O que falta fazer?
O relatório “Competências digitais da população e das empresas” revela ainda assimetrias entre diferentes gerações e zonas geográficas, sugerindo também uma ligação aos rendimentos das famílias.
Para os 27,1% de portugueses que ainda têm a sua literacia digital abaixo do nível básico, certamente que a não utilização da Internet terá um peso muito significativo, apesar da evolução registada.
A ANACOM indica que “a não utilização da Internet colocou Portugal na 4.ª posição do ranking da UE27” em 2023, detalhando que 14,2% dos portugueses não tinham usado Internet nos três meses anteriores ao inquérito. No entanto, estes valores mostram uma melhoria face ao inquérito de 2021, quando era, 17,7% dos portugueses a não aceder à Net.
Dos portugueses que não acederam à Internet, 48,1% alegou não saber utilizar, com 15,5% a dar como justificação “o custo elevado do acesso” e 8,4% a referir o preço alto dos equipamentos.
Resta agora esperar pelos dados relativos a 2025, para perceber de que forma o aumento da utilização de dispositivos digitais em Portigal está a contribuir para a melhoria destes números.