Somos menos inteligentes por causa da tecnologia? Psicólogo explica porquê

Luís Guedes
Luís Guedes
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A tecnologia veio facilitar a nossa vida em muitos aspetos e o problema pode ser precisamente esse. No entender do psicólogo Richard Davis, é bem possível que esse seja o motivo que faz com que os nossos skills cognitivos e sociais estejam cada vez piores.

Para este, há capacidades que se vão esfumando no tempo e uma delas é elaborar insights sobre as pessoas. Citado pela CNBC, este acredita que as redes sociais e a Inteligência Artificial (IA) são os grandes culpados desta mudança de comportamento humano.

Isto porque, na visão de Davis, o ser humano exercita a mente cada vez menos. Um exemplo dado tem a ver com o GPS, que anulou por completo o raciocínio baseado em mapas, ou até mesmo a memória.

No fundo, este acredita que a resposta é cada vez mais difícil, sempre que a máquina falha. Como se estivéssemos dependentes de um sistema mais inteligente do que nós e que faz com que exijamos menos dos nossos skills pessoais.

O psicólogo também se preocupa com a interação interpessoal

Piscológo

Ainda assim, o pior de tudo pode nem ser isso. Para Richard Davis, onde se nota mais esta problema é na capacidade (ou falta dela) das pessoas falarem umas com as outras. A título de exemplo, o psicólogo aborda apps de encontros como o Tinder.

“Se a tua cabeça está no telemóvel, conheces pessoas através de perfis do Tinder ou baseias as tuas decisões de negócios puramente num currículo e não vês ou passas tempo com uma pessoa, estás a perder a tua principal capacidade humana de ter perceção de outras pessoas” - refere o próprio.

Com isto, Davis não acredita que a tecnologia seja uma coisa má. Tanto assim é que pode ser útil em várias dimensões da vida, tornando-te mais eficiente, em certos casos. Apesar disso, acredita que a tecnologia em excesso é inimiga do sucesso a longo prazo.

20% dos jovens nos EUA dependem excessivamente do telemóvel

Na prática, o psicólogo considera que o ser humano deve trabalhar a sua noção de autocapacidade, já que está, na sua ótica, muito dependente do telemóvel. Segundo dados do Pew Research Center, 20% dos jovens norte-americanos, entre os 18 e os 29 anos, dependem excessivamente do telemóvel.

Nesse sentido, quem defende uma separação gradual da tecnologia é Amy Blankson. A especialista em felicidade e fundadora do Digital Wellness Institute acredita que é urgente começar a ler livros, fazer exercícios e dar menos margem de manobra ao digital.

Tudo isto para estimular os níveis cognitivos, que podem ser comprometidos, se a tendência for para continuar. Afinal de contas, está provado cientificamente que o exercício aumenta o fluxo sanguíneo e é inimigo da ansiedade e do stress. Curiosamente, dois problemas cada vez mais frequentes nas sociedades atuais.

A falta de estímulo de memória pode trazer problemas a longo prazo

Já a leitura, por sua vez, pode ter um papel essencial, a longo prazo, em termos de memória. É claro que um jovem, em condições normais, não sente esses efeitos. No entanto, passado alguns anos, a falta de estímulo pode vir ao de cima.

Tudo isto para chegar a uma conclusão muito simples: “tirem a cabeça do telemóvel e vão de metro até ao centro [da cidade] conhecer pessoas pessoalmente”. Pelo menos, é o que Richard Davis, especialista em psicologia, diz que é urgente fazer.

Luís Guedes
Luís Guedes
É apaixonado pela escrita. Desde tecnologia, a entretenimento, passando sempre pela música e pelos livros, o Luís é fascinado por tornar o complexo em simples e o simples em ainda mais simples.