O mercado global de smartphones deu um pequeno sinal de crescimento no primeiro trimestre de 2025, com um aumento de 1,5% nas unidades enviadas face ao ano anterior, totalizando 304,9 milhões de equipamentos. Os dados são preliminares da consultora IDC.
No entanto, antes que penses que tudo voltou ao normal, há um grande "mas": este crescimento foi, em parte, artificial. A culpa parece ser da tensão comercial entre os EUA e a China e o fantasma das tarifas alfandegárias. A Samsung aproveitou para recuperar a liderança mundial.
Olhando para o ranking das marcas a nível global no primeiro trimestre de 2025, a IDC destaca os seguintes pontos:
- Samsung: Recuperou a liderança mundial. O sucesso contínuo da nova gama premium Galaxy S25 e o bom desempenho da série A de gama-média (com os A36 e A56 a levarem IA a preços mais acessíveis) foram os motores deste regresso ao topo.
- Apple: Teve o seu melhor primeiro trimestre de sempre em termos de unidades enviadas. Isto deveu-se em grande parte à estratégia de acumular stock a nível global (não só nos EUA) para se precaver contra as tarifas e possíveis ruturas na cadeia de abastecimento. No entanto, o desempenho da Apple na China diminuiu, pois os seus modelos Pro ficaram de fora do programa de subsídios do governo chinês.
- Xiaomi: O seu crescimento foi alimentado sobretudo pelo mercado chinês, onde os subsídios impulsionaram as vendas da sua gama média.
- Oppo: Reconquistou o quarto lugar, mas fê-lo apesar de uma queda no total de envios. O desempenho mais fraco nos mercados internacionais não foi compensado pelo crescimento na China.
- Vivo: Registou um crescimento forte de 6,3% face ao ano anterior, beneficiando dos subsídios na China, mas também de um crescimento nos mercados internacionais, particularmente com os seus modelos de entrada e a série V.

Marcas anteciparam o envio de grandes volumes de smartphones
A análise da IDC, partilhada por analistas como Francisco Jeronimo, revela uma estratégia clara por parte dos fabricantes neste início de ano. Perante a ameaça iminente de novas e pesadas tarifas dos EUA sobre produtos importados da China, muitas marcas carregaram no acelerador da produção e anteciparam o envio de grandes volumes de smartphones, especialmente para o mercado norte-americano.
O objetivo era simples: colocar o máximo de stock possível nos canais de venda antes que potenciais aumentos de custo ou disrupções logísticas complicassem as contas. O resultado, segundo a IDC, é que os números de envios deste primeiro trimestre estão provavelmente "inflacionados" e acima do que a procura real dos consumidores justificaria por si só.
Embora a pausa temporária nas tarifas sobre smartphones importados da China para os EUA tenha trazido algum alívio, a consultora avisa que a forte dependência das cadeias de produção na China e a volatilidade das políticas comerciais continuam a ser um enorme desafio para o planeamento das empresas.
A recomendação da IDC para as marcas americanas é aproveitar esta pausa para enviar o máximo possível, mas continua a subsistir a preocupação de que a incerteza económica possa arrefecer a vontade de comprar dos consumidores nos próximos meses. Curiosamente, nos Estados Unidos, o mercado até cresceu mais de 5% neste trimestre.
A IDC atribui isto ao interesse nos novos modelos, mas também a uma "sensação de urgência" dos consumidores em comprar antes que os preços subissem devido às potenciais tarifas. Já na China, o mercado foi impulsionado por subsídios governamentais (para produtos abaixo dos 820 dólares), alargados aos smartphones em janeiro. O que beneficiou principalmente as marcas locais de gama média.