Nunca se falou tanto em saúde mental e, ao que tudo indica, há quem queira que esta seja levada mais a sério. Um cirurgião dos Estados Unidos com bastante reputação fez o apelo para se fazerem advertências nas redes sociais.
Na prática, qual seria a ideia?
Desde já, o médico Vivek Murthy realça um aspeto importante: as crianças sofrem cada vez mais de ansiedade e depressão. Um dos motivos que este identifica tem a ver com as redes sociais.
Por isso, a ideia seria identificar conteúdos com potencial de ferir a saúde mental dos mais novos. Da mesma forma que, por vezes, há conteúdo em que se alerta para imagens chocantes, o objetivo seria fazer algo parecido para proteger a sanidade dos adolescentes e crianças, em particular.
Desta forma, Murthy acredita que tanto os pais como os mais novos seriam lembrados de que as redes sociais não são um espaço “comprovadamente seguro” (via BBC).
"Fumar Mata": a advertência globalizou-se na mesma lógica
Recorde-se que não seria a primeira vez que seria colocado um rótulo de advertência por causa do testemunho de um cirurgião americano. Todos sabemos que “fumar mata”, até porque está sempre escrito nas embalagens.
Tudo isso terá começado em 1966, quando o Doutor Luther L Terry publicou um relatório que permitia estabelecer uma ligação entre o tabaco e o cancro do pulmão.
Se isso fez com que as pessoas deixassem de fumar? Naturalmente que não. No entanto, uma coisa ninguém pode negar: a consciencialização social sobre o problema aumentou, o que é sempre importante.
Posto isto, a ideia seria fazer o mesmo, só que em vez de se proteger os pulmões, proteger-se-ia a saúde mental. No artigo de Murthy, este ainda solicita às escolas que proíbam a utilização de telemóveis.
O tema é polémico e é previsível que gere opiniões bastante divergentes. No entanto, importa destacar que este advém de um estudo de saúde pública, feito por Murthy, onde se encontraram ligações diretas entre as redes sociais e problemas como ansiedade e depressão.
A ideia tem sido bem recebida pela comunidade científica
Na comunidade científica, esta ideia de introduzir um rótulo de advertência tem sido bem recebida. Para Gin Galli, psicoterapeuta, este seria “um passo significativo para promover uma melhor saúde mental e bem-estar” (via BBC).
Galli não esconde que há benefícios evidentes nas redes sociais, mas também salienta os riscos. Para haver um maior controlo no uso, a própria acredita que a advertência poderia ajudar a estabelecer limites.
Quem também se pronunciou sobre o tema foi a Associação Americana de Psicologia, em defesa de… nenhum dos lados. Para estes, as redes sociais não são benéficas nem prejudiciais, o que é certamente discutível.
De qualquer das maneiras, a proposta foi lançada e há que esperar para ver se é recebida positivamente ou não.