Opinião - Eu adoro a Google, mas não quero vê-la tornar-se numa parasita

Pedro Henrique
Pedro Henrique
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A pouco e pouco, a Google vem introduzindo cada vez mais hardware no mercado. Até há pouco tempo, não havia nada. Depois chegaram os Pixel, o Home e agora uma panóplia de produtos, onde até uma câmara fotográfica se junta.

Que quererá isto dizer? Bem, poderá não querer dizer nada, de facto. Isto é, que a Google apenas assistiu à apresentação do primeiro iPhone (em 2007) há alguns meses e observou o que HTC U11 Life e HTC U11 Plus- Serão estas as próximas apostas da HTC?

O que foi? Uma pequena frase de Alan Kay - "People who are really serious about software, should make their own hardware" -, que, de facto, aplica-se ao contexto da Google. No entanto, o que poderá isto indicar?

Bem, primeiro revela que, se apenas (quase) dez anos depois é que a empresa norte-americana decidiu construir os seus próprios smartphones, entre outros produtos, então é porque este mercado ainda tem muito para dar.

Em segundo lugar, e como nada é por acaso, a Google está a preparar-se para o próximo grande passo tecnológico. Esse tem que ver com a Inteligência Artificial, do qual se pode observar que a mesma já leva uma ligeira vantagem.

No entanto, não é por essa razão que gigante do software (e iniciante no hardware) se deixou acomodar. Consequentemente, mesmo que já consiga obter inúmera informação pessoal, de cada um de nós, com as nossas pesquisas e localização, o mesmo tornar-se-á ainda mais invasivo daqui para a frente.

Afinal, ao contrário de um portátil, o smartphone anda sempre no bolso. O Pixel anda sempre no bolso. Do mesmo modo, o gravador do Google Home pode estar a captar tudo o que lhe apetecer, mesmo que a Google diga que não. E isso aplica-se à sua nova câmara.

Google em todo o lado? O parasita amigo, até ver...

Porém, isso são outros assuntos, para outro artigo. A grande questão aqui ainda é o facto de, silenciosamente, a gigante Google, aliada a todas as pequenas marcas que quisessem fazer uso do seu software estar a alterar a sua estratégia.

Ainda que ligeiramente, o Android dos Pixel já não é tão stock quanto era o dos Nexus, nem como era o dos Pixel do ano passado. Aos poucos, é notório que a empresa vai modificando a sua forma de atuar para com os demais e, ainda que esteja no seu direito, levanta uma nova questão.

Porque estará a Google a distanciar-se das restantes empresas que usam o seu software todos os dias. E o que ganha com isso agora e depois? Bem, por um lado, atualmente, a ideia que passa é a de que a concorrente da Apple (e da Microsoft) apenas quer destacar-se e outras, como a Samsung ou a Huawei.

Todavia, num plano de longo prazo, isso poderá não ter nada que ver com a concorrência com a Apple, mas sim com todo o mercado. Ao seguir um caminho paralelo ao que seguiu até aqui, a Google não só conseguirá continuar atenta ao que fazem as suas conterrâneas do universo Android, como conseguirá ainda explorar um novo terreno.

Esse, por sua vez, é a probabilidade, grande, que a organização precisa para estar mais do que preparada para a próxima "Next Big Thing".

Android é "passado", mesmo que os Google Pixel façam parecer o contrário...

Assim, quem sabe, não será a Google a ocupar o lugar da Apple atual, ou da Microsoft de outrora. Um lugar que vai muito além do simples motor de busca que todos conhecem.

Seja como for, a resposta à repentina, mas muito bem pensada, mudança estratégica da Google só será possível de ser obtida daqui a muito tempo. Até lá, esperemos para ver como se comportará no mercado.

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Pedro Henrique
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