Depois de andar a percorrer o mundo com a sua polémica esfera futurista, Sam Altman, CEO da OpenAI, decidiu levar o projeto Worldcoin a sério nos EUA. E agora, qualquer pessoa no país pode digitalizar a sua íris, ganhar uns tokens de criptomoeda e sair de lá com um World ID.
O tal “passaporte digital” promete separar humanos de bots num mundo cada vez mais controlado por IA.
Uma espécie de passaporte biométrico... pago em tokens

Lançado em 2023, o projeto Worldcoin tem uma proposta ambiciosa: criar uma identidade digital global e intransmissível, registada a partir do reconhecimento da tua íris. Em troca, os utilizadores recebem tokens WLD gratuitos, que podem ser gastos ou guardados, como qualquer outra criptomoeda.
A ideia, segundo a empresa, é criar uma base tecnológica que permita lidar com os desafios sociais e económicos gerados pela crescente automatização e presença da inteligência artificial. O World ID poderá ser utilizado para fazer login em aplicações web ou móveis, mostrando anonimamente que o utilizador é um ser humano e não um bot ou sistema de IA.
O sistema já andava em testes por vários países — Reino Unido, Japão, Alemanha, Espanha, Índia — mas agora entra oficialmente em operação nos EUA com uma nova versão da esfera, o dispositivo metálico e brilhante que parece saído de um episódio de Black Mirror. Mais pequena, mais avançada e, segundo a Worldcoin, pronta para digitalizar íris em larga escala.
A meta? Ter 7.500 esferas ativas nos EUA até ao final do ano, em locais acessíveis a cerca de 180 milhões de pessoas. Desde a última quinta-feira (1), o sistema já está disponível em vários espaços físicos nos EUA, em locais como São Francisco, Austin, Los Angeles e Miami, conforme reportou o Digital Trends.
Como é que isto funciona, afinal?
O processo foi apresentado ao vivo numa demonstração que misturou tech demo com marketing de ficção científica. Tawanda Michael Mahere, gestor de produto da World ID, mostrou como tudo acontece: basta apontar o telemóvel à esfera, emparelhar com a app World, posicionar-se em frente à esfera... e pronto.
Em segundos, o dispositivo faz o scan da íris, valida que és um humano real e entrega-te alguns tokens WLD como agradecimento. Segundo Rich Heley, executivo da empresa, o processo é pensado para ser simples e seguro.
Os dados biométricos não são armazenados de forma permanente e são imediatamente eliminados da esfera após a verificação. O utilizador é informado de tudo o que acontece com os seus dados, que, de acordo com a empresa, ficam apenas no dispositivo da própria pessoa.
“Primeiro, é verificar se ele é humano. Depois, é informá-lo de que os dados estão a ser enviados apenas para o seu dispositivo. E a seguir, lembrar que todos os dados são eliminados da esfera”, resumiu Heley no evento.
Identidade global ou distopia digital?
A proposta tem fãs e críticos em partes iguais. De um lado, há quem veja o Worldcoin como uma solução promissora para criar sistemas de distribuição de rendimento, validar identidades humanas e preparar as sociedades para um futuro dominado por IA.
Do outro, surgem preocupações legítimas sobre privacidade, vigilância e uso indevido de dados biométricos, mesmo com a empresa a garantir que as imagens da íris não são guardadas e que tudo está protegido por criptografia.
Uma coisa é certa: com Sam Altman ao leme e a infraestrutura da OpenAI por trás, o Worldcoin não vai desaparecer tão cedo. Agora resta saber se estamos a assistir ao início de uma nova forma de identidade digital ou à primeira temporada de uma distopia com muito bom design industrial.
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