Pode parecer improvável, mas se o Departamento de Justiça dos EUA conseguir forçar o Google a vender o Chrome, a OpenAI está pronta para entrar em cena. A empresa responsável pelo ChatGPT quer transformar o navegador mais utilizado do mundo numa plataforma onde a inteligência artificial vem primeiro — literalmente.
“IA-first”: a ideia por trás da possível compra

Sob a mira do Departamento de Justiça dos EUA, o Google pode ser forçado a vender o browser Google Chrome, sob a acusação de monopólio no mercado de pesquisas online. E, ao que tudo indica, não faltam interessados em comprar aquele que, atualmente, é o navegador mais utilizado do mundo.
De acordo com a Bloomberg, Nick Turley, chefe do ChatGPT na OpenAI, testemunhou em tribunal e afirmou que a empresa estaria interessada em comprar o Chrome caso o Google fosse obrigado a desfazer-se dele. E não estariam sozinhos: segundo Turley, “muitas outras partes” também tentariam agarrar a oportunidade.
A proposta da OpenAI não é apenas manter o navegador como está, mas sim reimaginá-lo como um produto “IA-first”, com integração profunda das suas ferramentas. Turley destacou que isso permitiria oferecer aos utilizadores uma nova experiência de navegação, centrada nas capacidades da inteligência artificial, com a OpenAI a controlar todos os pontos da experiência.
Mas queremos mesmo um navegador IA-first?
A ideia de um navegador com IA integrada até pode parecer interessante para muitos utilizadores — especialmente para quem já depende de assistentes como o ChatGPT para pesquisar, resumir ou organizar informação online. Mas há uma questão inevitável: a IA generativa ainda está longe de ser perfeita.
Ainda ontem, noticiámos aqui que o motor de busca do ChatGPT está a crescer rapidamente na Europa, mas que um estudo recente concluiu que a plataforma da OpenAI identificou incorretamente 67% dos artigos pesquisados.
Outro ponto que levanta dúvidas é o tratamento de dados. O Google já recolhe informação do Chrome para segmentar anúncios e alimentar o Gemini com dados personalizados, incluindo o histórico de pesquisa. Se o navegador passasse para as mãos da OpenAI, será que os dados seriam usados para treinar modelos de IA?
Atualmente, o ChatGPT já funciona como extensão no Chrome, mas uma aquisição abriria espaço para algo muito mais ambicioso. Isto porque, apesar do crescimento expressivo da busca do ChatGPT, estimativas indicam que o Google ainda processa 373 vezes mais pesquisas do que a IA da OpenAI.
Neste cenário, é legítimo perguntar: seria mesmo boa ideia um navegador “IA-first” sob o comando da OpenAI?
Google vs OpenAI: a luta pelo espaço nos smartphones
A disputa entre o Google e a OpenAI vai além do Chrome. No mesmo depoimento, Turley revelou que a OpenAI tentou fechar uma parceria com a Samsung, mas nunca conseguiu discutir termos concretos. O motivo? Segundo ele, o Google “pagou mais” para garantir que o Gemini viesse pré-instalado nos dispositivos da marca sul-coreana.
Ou seja, a luta pelo controlo da navegação e da IA nos smartphones está ao rubro — e o Chrome, neste jogo, pode tornar-se a peça mais valiosa de todas.
Agora a pergunta que fica é:se o Chrome fosse comprado pela OpenAI, tu continuavas a usá-lo?
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