Com a idade, já se sabe que a tendência é a pele ficar cada vez mais enrugada. Com o objetivo de tentar perceber a razão de estas se formarem, foi feito um novo estudo por cientistas da Universidade de Binghamton, nos Estados Unidos (EUA).
De acordo com a New Atlas, a pesquisa envolveu uma investigação experimental acerca do envelhecimento da pele. Supostamente, a pele envelhecida estica-se mais para os lados, sob tensão. No entanto, vamos por partes.
O que dizem os cientistas?
Guy German, um dos principais responsáveis pelo estudo, diz que não se trata de “apenas mais uma teoria”, mas sim de uma evidência. Os investigadores mencionam o colagénio como o principal responsável por dar resistência e elasticidade à pele.
Entenda-se por colagénio um conjunto de fibras proteicas (fortes), que são torcidas como uma espécie de corda. Na derme, estas não são dispostas de forma aleatória. Supostamente, são organizadas em feixes, que se encaminham numa direção dominante.
Essa direção dá origem às chamadas “Linhas de Langer”, ou seja, as linhas naturais de tensão da pele. Como refere a mesma fonte, esses feixes comportam-se de maneira diferente, consoante a direção em que são esticados.
Na prática, se são puxados em direção das fibras, ficam mais fortes. Se são puxados no sentido inverso, a pele enruga mais.
Cientistas usaram amostras de doadores entre os 16 e os 91 anos
Neste estudo, os cientistas usaram amostras de 7 doadores, com idade variável entre os 16 e os 91 anos. As amostras foram recolhidas em zonas sem exposição ao sol, sendo que tiras finas de pele foram recolhidas, no sentido natural e inverso à orientação natural das fibras de colagénio.
Depois, as amostras de pele foram esticadas durante 40 minutos, de forma a replicar a tensão natural da pele. Os cientistas usaram vários indicadores técnicos, que permitiram entender que “a pele mais velha comprimia-se lateralmente muito mais sob a mesma quantidade de estiramento”.
Escreve a New Atlas que “isso leva a um coeficiente de Poisson maior, indicando perda real de volume, ou que o fluido foi espremido para fora da matriz da pele, a estrutura da derme que inclui fibras de colágenio”. (Nota: o coeficiente de Poisson é a razão entre a deformação lateral e a deformação axial)
As amostras permitiram ver também que a pele mais velha tinha rugas mais profundas, o que sugere que cede mais facilmente a forças normais. Também se analisou que as rugas na pele mais velha eram mais retas.
Traduzindo por “miúdos”...
De forma a simplificar, German fez comparações com o mundo real, de forma a explicar o enrugamento da pele. “Se esticar a Silly Putty, por exemplo, ela estica horizontalmente, mas também encolhe na outra direção – fica mais fina. É o que a pele também faz. À medida que envelhecemos, essa contração aumenta. E se a pele for contraída demais, ela curva-se. É assim que as rugas se formam”.
“Se passas a vida a trabalhar ao ar livre, é mais provável que tenhas a pele mais envelhecida e enrugada do que quem trabalha num escritório, por exemplo. O envelhecimento cronológico e o fotoenvelhecimento causam resultados semelhantes. Então, aproveita o verão, mas não te esqueças do protetor solar – o teu eu do futuro vai gostar” - explica German.
É de salientar que o estudo tem algumas limitações. Desde já, por não conseguir simular as forças multidirecionais a que a pele se sujeita, no dia a dia. Depois, porque as amostras mais jovens eram de mulheres e as mais velhas de homens, o que pode influenciar os resultados.
Ainda assim, o estudo em questão permitiu ter uma melhor compreensão sobre a forma das rugas se formarem.